Já nasceu o ser humano que viverá mais de 100 anos com qualidade. É o que preveem os futuristas. De fato, com o avanço exponencial da medicina, não é difícil imaginar a possibilidade de uma futura geração de centenários com disposição dos cinquentões de hoje.

Trago este tema mais uma vez porque novos estudos sobre longevidade não param de surgir, sempre enfatizando a importância da “silver age”. Na semana passada, tive acesso a mais um, realizado pela consultoria Hype60+. Trata-se de uma pesquisa bastante abrangente, considerada a maior já feita no Brasil sobre a chamada Economia Prateada, envolvendo quase 2.500 pessoas acima dos 60 anos.

Um verdadeiro raio X dos maduros no Brasil – sim, a consultoria prefere o termo maduro a idoso. O título do estudo é Tsunami60+, plenamente justificável quando analisamos os números: segundo a ONU, em 2017, o mundo tinha 962 milhões de pessoas com mais de 60 anos.

Em 2050, esse número passará para 2,1 bi – o equivalente a 25% da população mundial. No Brasil, hoje temos 30,3 milhões de idosos e seremos 68,1 mi em 2050. Com a queda da taxa de natalidade no país (já foi de seis filhos por mulher, na década de 1960, hoje, é de apenas 1,7), prevê-se que, em 2050, estaremos entre os dez mais “velhos” do mundo, à frente dos mais desenvolvidos.

Em 2016, a expectativa de vida no Brasil já era de 76 anos. E onde estão hoje esses maduros com mais de 60 anos? Fazendo tricô ou arrastando chinelos pela casa? Nada disso! É mais fácil achar uma avó numa academia do que tomando chá com bolinhos em casa. A maioria dos pesquisados declarou estar bem de saúde física e mental. Muitos ainda trabalhando.

Mais de 63% deles ainda são os provedores da família. São bem ativos no dia a dia. Passeiam, namoram e transam (numa frequência menor, mas com qualidade). A internet não é mistério para sessentões de todas as classes sociais.

Muitos estão superativos no Facebook e WhatsApp, entre outras plataformas, até games. Se você ainda não está convencido do potencial dessa faixa etária, veja os números.

A tal Economia Prateada é considerada a terceira maior atividade econômica do mundo, uma indústria que movimenta US$ 7,1 tri anuais. Nos EUA, esse segmento já representa mais de 25% do consumo. No Brasil, o consumidor maduro movimenta cerca de R$ 1,6 tri ao ano.

“O paradoxo é que, apesar de essa indústria movimentar tanto dinheiro, ainda existem poucos produtos e serviços que são desenhados, construídos, testados e distribuídos pensando na perspectiva das pessoas mais velhas. Elas acabam consumindo produtos que são mais ou menos adequados. Que mais ou menos resolvem seus problemas. Que mais ou menos lhes agradam. Tudo bem mais ou menos”, conclui o estudo.

De acordo com a Goldman Sachs, quando comparado com os mais jovens, o consumo dos maduros cresceu três vezes mais rápido na última década. Enquanto isso, 63% dos negócios têm como target os millennials.

Nesses tempos de discussão sobre a reforma da Previdência, a questão da idade volta a estar na ordem do dia. Se os maduros estão vivendo mais (já há mais avós do que netos, hoje) e de forma mais ativa, é natural repensar a idade da aposentadoria.

Na Itália – um dos países com mais idosos do mundo – a Sociedade Italiana de Gerontologia e Geriatria propôs que se declare oficialmente idoso aquele com mais de 75 anos de idade (dez a mais do que é hoje). A justificativa é óbvia: segundo seus estudos, uma pessoa de 70 anos faz hoje o que fazia uma de 50, poucas décadas atrás. Aqui no Brasil, pessoas com 60 anos de idade passam a ter privilégios questionáveis.

Será correto destinar vagas especiais a sessentões cheios de vida? O fato é que devemos todos estar preparados a mudar o mindset quando tratamos de “maduros”. Recomendo fortemente que você acesse o estudo completo da Hype60+ pela url: tsunami60mais.com.br.

E que vá se preparando para criar estratégias para vender para centenários.

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)