Mestiça se transforma a fim de ressignificar confiança dos clientes
De uma sala em um prédio na Vila Olímpia em 2008 para dois andares no mesmo local em 2020. Passados 12 anos, as mudanças na Mestiça não foram apenas estruturais. Sob gestão dos sócios Marcelo Ramos, (CEO) Paulo Sanna (CCO), Eduardo Lovro (CSO) e Denis Filippini (CDO), a agência tem buscado ressignificar o conceito tradicional de agenciar e comercializar espaços de mídia.
Segundo Ramos, a ideia é se posicionar cada vez mais como fornecedora de estratégia, inteligência e soluções para os negócios de seus clientes. “À medida que fomos crescendo, conseguimos convencer o inquilino a deixar furar a laje, incluímos a escada para integrar os dois andares e pegamos três conjuntos no andar de baixo, que inclui criação, área de convivência e vestiário. Esse foi o começo de uma mudança de mindset. Como poderíamos nos posicionar como uma agência mais estratégica? Como levantar a bandeira de ganhar cada vez menos do que o cliente gasta e cada vez mais de quando ele ganha? Na prática isso é difícil de aplicar”, destaca Ramos.
Responsável pela comunicação de grandes marcas como Kitano, Häagen-Dazs e Shell Select, entre outras, a Mestiça tem trabalhado no conceito open agency, ou seja, uma agência aberta a resolver os problemas do cliente. Usando processos de metodologias ágeis, estratégia, planejamento e construção de jornada, o foco é ter atuação mais próxima do cliente.
Segundo o CEO, a ideia é promover ações que saíssem do dia a dia, e, nesse contexto, uma série de projetos foram implementados. O primeiro deles foi a criação da Mestiça Lab, em 2018, um espaço para receber clientes e para discutir tendências, desde neurociência aplicada ao marketing a blockchain ou sustentabilidade. “Trazemos clientes juntos para falar de diferentes temas que são extras da pauta do dia a dia. Isso nos mostrou a capacidade de se conectar mais do que ficar recebendo briefing ou se envolver nas entregas e compra de mídia”, explica Ramos. O projeto evoluiu e culminou na chegada de Paulo Sanna como CCO e sócio da agência.
O próximo grande passo da agência, já sob o comando criativo de Sanna, foi a inauguração da Mestiça Pop-Up, em 2019. O serviço de consultoria faz uma imersão no cliente, trazendo ao final do processo um creative book com o direcionamento de como deve ser feita sua comunicação em diversas frentes, permeando desde a concepção de uma campanha até o produto final.
“A Mestiça tem a ver com você misturar as coisas e trazer perspectivas diferentes para a solução de determinado problema. Hoje, a gente coloca esse conceito em prática misturando a nossa equipe com a do cliente. O Pop-Up é exatamente isso. Desenhamos um formato específico para que nossa equipe esteja muito inserida no cliente, inclusive, fisicamente”, destaca Sanna. “É o oposto do que muitas agências estão fazendo. Elas criam grupos específicos para atender o cliente. E o que fizemos foi, durante o momento que estamos pensando nos projetos, nos inserimos no cliente”.
Relevância
A abordagem com foco em consultoria tem aberto novas oportunidades para a agência. Além da conquista das contas da Kitano e Häagen-Dazs, que contrataram primeiro o serviço da Pop-Up, foram feitos pelo menos outros 10 projetos de consultoria para marcas diversas. Segundo Sanna, o momento tem sido de inserção em novos espaços.
“É curioso porque na cabeça das pessoas, a partir do momento que você se apresenta como um time de consultoria, você ganha a liberdade de estar em reuniões e ocupar espaços físicos dentro do cliente que uma agência geralmente não consegue. Parece que muda a relação imediatamente. O cliente pensa: ‘ah, não é uma agência, eles não estão aqui para nos vender um plano de mídia’”, diz o CCO.
Para Ramos, o movimento é reflexo de uma busca por reestabelecer a relação de confiança entre agência e cliente. “Temos de acabar com essa história de a maioria dos clientes olhar para a agência e pensar: lá vem aquele cara para querer me tomar algum dinheiro com plano de mídia. Sabendo que isso acontece, temos de solucionar o problema”, ressalta Ramos.
Para o executivo, o começo dessa mudança de percepção se deu em 2018, com o manifesto que marcou os 10 anos da agência. “Mudamos a marca, viemos com o conceito breaking walls. Eu sei que não vou tirar o nome agência, que é sinônimo de categoria, mas como eu diminuo a percepção de que a gente está aqui somente para agenciar mídia para os outros? Estamos aqui para criar, desenvolver e solucionar”, finaliza.