CB (Divulgação)

Recentemente, o Bahianinho, mascote da Casas Bahia, cresceu e assumiu um novo papel institucional, passando a ser conhecido como CB.

Criada pela agência Y&R, a campanha de lançamento do novo personagem estreou nas redes sociais em outubro. O desenvolvimento do novo visual ficou sob responsabilidade do estúdio Miagui, que, em 2015, já havia desenvolvido uma releitura do mascote para uma campanha de games que foi bem recebida tanto pelo público interno quanto externo.

PROPMARK conversou com Cássio Braga, diretor criativo e sócio do estúdio, para ouvir detalhes da criação e também falar sobre outros trabalhos recentes da empresa, como a campanha em 3D da Honda.

Como foi o processo de criação do CB? Quais foram as referências visuais utilizadas?

O processo começou a partir do entendimento da nova fase da marca Casas Bahia, que acabou de passar por uma grande transformação. A evolução do Baianinho foi a consolidação dessa transformação, que tem por objetivo tornar a marca mais inclusiva, mais plural, digital e com uma personalidade mais brasileira. A partir daí fizemos uma profunda imersão na história do personagem, identificando quais são as características que o tornam único e reconhecível, e que, consequentemente, precisavam ser preservadas. E então tivemos muita liberdade criativa para propor diferentes linguagens e soluções técnicas para responder às expectativas da equipe da Via Varejo. Depois de alguns exercícios de exploração criativa, foi unânime que o personagem precisava de uma evolução mais drástica, e a receptividade com a nova versão do CB foi enorme. Deste ponto, partimos para a execução mais técnica preparando o personagem para uma longa vida digital. A escolha da voz do personagem foi um capítulo à parte já que ele nunca havia falado antes. Foi um processo super divertido, no qual testamos inúmeros atores de voz até chegar naquela que entendemos ter mais conexão com a personalidade do novo personagem.

Evolução (Divulgação)

Desde o início, entendemos que uma das premissas nos levou ao convite para colaborar nesse projeto era uma grande expectativa da equipe da Via Varejo em não apenas ter uma nova interpretação do Baianinho, mas que ele também tivesse uma execução técnica e artística a altura da relevância do personagem. E isso, sem dúvida, é a parte do desafio que mais nos inspirou, afinal não é todo cliente que está disposto a topar todas as consequências em querer jogar em alto nível.

Frente a esse contexto, só nos restou converter toda nossa inspiração em trabalho, e materializar a nova versão do que agora todos conhecem como CB. 

Nossas referências para o projeto (bem pretensiosas, por sinal) foram produções high end de estúdios como Disney, Pixar e Dreamworks. E o mais legal foi ler comentários fazendo essa relação desde o primeiro dia do lançamento do CB. 

Acredito que um processo assim seja feito para durar. O visual não será revisto durante um bom tempo. Isso pesa na hora de criar? Dá mais responsabilidade para o projeto?

Uma das principais características da nova fase do CB é que ele deixa de ser um mascote para se tornar um personagem. Partindo dessa premissa, todas as decisões de design foram tomadas de maneira que nos permita construir o personagem de forma mais natural daqui pra frente. Assim como nós humanos, o CB vai interagir com as redes sociais, vai trocar de roupa, vai viajar, se relacionar com outras pessoas e ter uma vida em constante transformação. E sem dúvida, criar um framework que permita toda essa flexibilidade e que ainda responda à dinâmica do mercado de varejo é um desafio enorme. Entretanto, ao longo desses 10 anos de Miagui viemos desenvolvendo métodos e técnicas para responder a este tipo de demanda, e o projeto do CB com certeza é nosso case mais relevante nesse perfil. 

Em relação à campanha da Honda (criada pela Publicis e desenvolvida pela Miagui), é quase imperceptível o 3D. Em tempos de pandemia, isso é muito útil. Acredita que isso irá perdurar mesmo após a Covid-19?

O 3D não é uma técnica de agora. Estamos há 10 anos produzindo conteúdos em 3D e, claramente, a partir da pandemia isso ganhou um destaque maior pela flexibilidade, adequação e controle no processo. Sem dúvidas a produção digital será cada vez mais demandada, não só pela pandemia, mas pela sua capacidade de entregar resultados cada vez superiores, adequados às novas necessidades do mercado de comunicação, em que a qualidade, agilidade e originalidade são fundamentais.

Entretanto, a tecnologia é meio. O que faz a diferença no nosso trabalho é a qualidade artística e técnica de uma equipe que gosta muito do que faz e vê no craft do digital art um meio de expressão. Marcas inteligentes investem em artistas de qualidade, pois sabem o poder de conexão e engajamento que conteúdos originais e bem produzidos têm. 

No caso do filme do W-RV, a opção pela execução em 3D não teve relação com restrições de filmagem, e sim de linguagem. A Honda é umas das pioneiras em apostar no CGI no Brasil, e há 5 anos desenvolvemos grande parte dos conteúdos de seus lançamentos em 3D. Virtualizar a produção do TVC foi um processo natural e uma experiência super positiva, que tem aberto os olhos de outras marcas para o potencial da produção digital.

Se em 2020 o nível do 3D está assim, é possível afirmar que as produções do futuro utilizarão, cada vez mais, esse tipo de alternativa? Quais as vantagens em usar o 3D na publicidade?

O 3D há muito tempo é presente na publicidade e no entretenimento. Muitas marcas, no Brasil e fora, já utilizam em grande escala há muitos anos. Inclusive marcas já mudaram totalmente o pipeline de produção para o digital e isso com certeza vai aumentar com o passar dos anos. Entretanto, vale ressaltar novamente, que o 3D é meio e o que vai prevalecer é sempre a história a ser contada e a capacidade criativa da equipe envolvida no projeto. 

O protagonismo do 3D atualmente tem ligação com a popularização da tecnologia e uma nova geração de artistas digitais emergindo a partir da criação de ideias e visuais originais, sem depender de investimentos gigantescos com equipamento.  

Pela perspectiva do cliente, o 3D muitas vezes surge como uma resposta a necessidades que produções convencionais não atendem, como timing, volume, sustentabilidade e até mesmo custo. Entretanto, essas são variáveis não absolutas que nem sempre farão do 3D a única alternativa. Muitas vezes o melhor caminho está na combinação de disciplinas, como a mistura de captação ou fotografia, com a inserção de elementos posteriormente em CGI.

Ou seja, não tem regra. Mas o 3D certamente amplia, e muitas, nossas possibilidades de contar histórias visuais únicas, que no fundo, é o nosso trabalho.