O conteúdo original e bem apurado, como pregam os valores do bom jornalismo, é o caminho apontado pelo presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e vice-presidente editorial do RBS, Marcelo Rech, para o futuro do impresso. “O meio impresso na indústria de mídia não existe como um elemento isolado. Ele é parte de uma empresa de comunicação, de um centro de produção de conteúdo. Há uma combinação de plataformas complementares ao jornal e à revista”, fala. O executivo defende que os anunciantes também já tomaram consciência de que estar em mais plataformas ao mesmo tempo é essencial para sua marca. Rech chama a atenção para o modelo de remuneração que deve prevalecer nos próximos anos: uma combinação de publicidade
e cobrança de assinatura. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao PROPMARK.

Divulgação

Pós-verdade e fake news

Essa desinformação proposital está produzindo uma desconfiança. Não se sabe se aquilo é verdadeiro ou se é produzido para um efeito. Isso se transformou numa indústria internacional, que se vale da facilidade das redes sociais. A fonte da informação passa a ser a pessoa que compartilhou.

Técnica

É preciso colocar nossa expertise como profissionais de comunicação, nos valendo de valores da atividade jornalística somada à experiência para clarificar e questionar o que circula no digital de forma geral. É preciso confiar em jornalistas, em grupos de comunicação, para endossar as informações. Temos um longo caminho a percorrer. Há sinais de otimismo para os produtores originais de informações. Isso tem feito a audiência crescer. A Harvard Business Review, por exemplo, registrou o maior aumento de circulação da história.

Credibilidade
A confiança na informação tem um valor muito alto. Os conteúdos que eu vou consumir nesses veículos de credibilidade representam o endosso da marca para o conteúdo apurado. Se a gente olhar a TV, por exemplo, temos a aberta, que é gratuita e de qualidade, e, mesmo assim, as pessoas pagam por TV por assinatura. Um pouco disso ocorre no impresso. Tem conteúdo de amplo domínio, gratuito, mas quanto mais diferenciado e original for o conteúdo, mais possibilidade de se cobrar por ele. Os jornais têm no DNA a produção de conteúdo. Os veículos abandonaram as notícias do dia anterior e passaram a trazer pontos de vista para reflexão. Aquele jornal com notícia do dia anterior está a caminho da irrelevância.

Assinaturas x Publicidade

O modelo de muitos jornais era lastreado em publicidade. Hoje se combina publicidade com a cobrança de assinatura. O problema da mídia impressa era que a venda de assinaturas era cara. A logística era difícil. Agora caíram as barreiras do ponto de vista de produção.

Outras opções

Hoje tem vários caminhos para a marca se apresentar e estabelecer sua relevância para o leitor. Sempre que tem um evento ligado à marca é o veículo fazendo uma relação direta com o público, estimulando uma reflexão. Outro exemplo é conteúdo patrocinado, exclusivo, interessante… Esse tipo de conteúdo, cada vez mais presente, traz um valor diferenciado para o público e para os anunciantes.

Facilidade

É nossa obrigação estar disponível na hora e na plataforma mais conveniente ao usuário. Não somos empresa de software, nem de impressão. Estamos no ramo da informação diferenciada. Não faz diferença de como ele vai consumir isso.

Anunciantes

O que hoje estamos vendo dos anunciantes não é mais “quero esta plataforma” ou “aquela”. É “esta”, “mais aquela” e “mais aquela”. A complementariedade das plataformas é a fórmula de sucesso. Nem só impresso, nem só redes sociais. É a combinação inteligente que gera o sucesso. Quem está fazendo programática está vendo as fazendas de cliques se espalharem como as mentiras na internet. Esse é um problema não resolvido. A mídia essencial tem muito mais controle de onde e como a marca vai aparecer. Leva 50 anos para ter reputação da marca e pode perder em dois minutos.