A Associação Nacional de Jornais (ANJ) estabeleceu, nos dois últimos anos, uma estratégia de publicidade marcada pelo aproveitamento de datas alusivas a princípios democráticos e ao fortalecimento das liberdades de imprensa e de expressão.

A primeira campanha foi relacionada ao Dia da Mentira (1º de abril) para valorizar justamente o contrário, a verdade. Os anúncios da campanha – “Verdade seja dita: a mentira não merece nem mais um dia” – uniram a mensagem sobre os perigos das inverdades propagadas na internet à credibilidade do jornalismo profissional.

A fórmula embasou as peças publicitárias para o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio), em 2018 e 2019, e a campanha especial voltada às eleições do ano passado – “Quem vai escolher o rumo do país tem que se guiar pela verdade”. Também resultou no conceito das ações para o Dia Internacional da Democracia (15 de setembro) – “Democracia e imprensa. Uma não vive sem a outra” – e do Dia Internacional de Combate à Corrupção (9 de dezembro) – Nada assusta mais os corruptos que os olhos da imprensa”, que ganharam vinhetas em vídeo, veiculadas por emissoras de televisão e nas redes sociais.

Somada à amplitude de público dos quase 100 associados à ANJ, a iniciativa não apenas garantiu a veiculação das campanhas publicitárias em edições impressas e digitais de jornais – que, juntos, chegam a milhões de pessoas em todas as regiões do país –, como também estabeleceu uma linha de comunicação com a sociedade em um momento no qual o jornalismo é o principal antídoto à desinformação digital que corrói os debates públicos.

“Com a enorme capilaridade que tem a rede de jornais associados à ANJ, chegamos à conclusão que, uma vez diante de tanto público, a forma mais eficaz de chamar atenção das pessoas seria aproveitar ao máximo as datas emblemáticas para os brasileiros e à imprensa”, explica Leonardo Lazzarotto, CEO da Tailor Media, agência de inteligência de mídia, que atende a ANJ.

A busca pelas datas mais adequadas, de acordo com o publicitário, observou a conjuntura do mercado jornalístico e do Brasil.

“O jornalismo profissional é hoje o principal contraponto à desinformação espalhada nas redes sociais com o objetivo de manipular as pessoas em meio a uma crescente polarização política no mundo, então os conceitos de verdade e credibilidade passaram a servir como um Norte para a nossa comunicação ao lado da certeza que, sem imprensa, não há combate à corrupção nem garantia da democracia e da liberdade de expressão”, diz Lazzarotto.

Leonardo Lazzarotto é CEO da Tailor Media, agência de inteligência de mídia que atende a ANJ (Divulgação)

Ao mesmo tempo, a estratégia levou em consideração o fato de as organizações de notícias e os jornalistas enfrentarem ataques que antes eram mais frequentes nos países autoritários, mas agora estão presentes em sólidas democracias, como os Estados Unidos.

“Com o país fortemente polarizado, a imprensa é atacada sempre que alguma notícia desagrada a alguma das partes”, assinala Paulo Pereira, fundador e diretor de criação da Grato Visual Content, que trabalha em conjunto com a Tailor Media.

“Em defesa dos jornais e do papel do jornalismo independente e responsável, de contar a verdade, doa a quem doer, decidimos em conjunto com a ANJ marcar presença em datas que representam bandeiras levantadas por todos os brasileiros, independente de quais lados estejam, e que sem a imprensa estariam enfraquecidas e possivelmente derrotadas”, afirma o publicitário.

As campanhas publicitárias, segundo o presidente da associação, o jornalista Marcelo Rech, reforçam princípios da sociedade. “O jornalismo e a liberdade de imprensa têm valor fundamental para os cidadãos, para o seu dia a dia, para as decisões que precisam tomar e para uma melhor visão da realidade que as cerca. Por isso, é preciso sempre destacar esse valor, assinalar a importância do jornalismo independente e de qualidade. É isso que a ANJ tem feito com seus anúncios”, afirma Rech.