Movidos pela realidade
Rosana Ameixieira, CCO da Zero11
O brasileiro está pessimista segundo pesquisa da empresa Ipsos publicada pela Época Negócios. Os números, que mostram altos índices de revolta (28%), preocupação (48%) e baixo entusiasmo (apenas 3%) e otimismo (14%), não são nenhuma surpresa. Mas podem revelar um país que deixa para trás um comportamento típico de otimismo, estereótipo nacional, para entrar numa fase de amadurecimento.
Pode parecer ruim em curto prazo, mas ao menos faz com que deixemos nossas expectativas juvenis e enfrentemos a dura realidade.
O otimismo, em vez de motivar a mudança, nos deixou em uma zona de conforto. O país é o que menos investe – ou investe mal – em praticamente todas as áreas. Ficamos esperando que algo de fora aconteça, baseados em uma esperança quase religiosa.
O Brasil precisa driblar esse comodismo, sair do piloto-automático. Empresas e sociedades não são desenvolvidas por acaso. Está na hora de trocarmos nosso otimismo por atitude, precisamos nos responsabilizar pelo processo de mudança.
E esse será nosso grande desafio, porque os hábitos estão gravados na memória, são respostas automáticas que o cérebro usa para facilitar o cotidiano. Tudo em nome da eficiência, mas que também produz a zona de conforto tão difícil de mudar.
A preferência por acreditar em vez de enfrentar os riscos com todos os medos e preços a pagar nos posiciona como um país que não inova, apesar de tantos talentos em diversas áreas do conhecimento.
Talvez os dias de hoje nos deem a consciência de que é preciso mudar, como países no pós-guerra, que se superam de forma impressionante.
Devemos assumir o papel de quem busca ideias novas e caminhos alternativos. Empresas e marcas não se tornam líderes esperando alguém tomar uma atitude nem fazendo o que todo mundo faz.
Que o realismo nos mova daqui pra frente.
Rosana Ameixieira é sócia e CCO da Zero11 Idea Co., agência de comunicação multiplataforma