Movimento quer combater assédio cibernético a assistentes virtuais

O que há de comum entre assistentes virtuais como Lu, Siri, Alexa, Nat e Bia? Todas têm nomes de mulheres e voz feminina. Mas não só.

Segundo o estudo I’d Blush If I Could (Ficaria Corada se Pudesse), divulgado em maio de 2018 pela Unesco, elas sofrem assédio e preconceito de gênero, mas respondem com frases tolerantes, subservientes e passivas.

Esse contexto originou o movimento Hey Update My Voice, que convida o público a sugerir mensagens para as assistentes virtuais combaterem abusos. A SunsetDDB assina o desenvolvimento da iniciativa e da campanha.

O movimento nasce em parceria com a Unesco para chamar a atenção sobre a educação cibernética, e ressalta que até assistentes virtuais sofrem com essa violência. No Brasil, a Lu, assistente virtual das Lojas Magazine Luiza, já foi vítima desse tipo de violência. Internacionalmente, também há registros contra a Siri e a Alexa, por exemplo.

A realidade espelha o que acontece com mulheres reais. Estudos apontam que 73% já foram assediadas via online, 15 milhões de adolescentes entre 15 e 19 anos já sofreram abuso sexual, e 97% das mulheres brasileiras passaram por assédio em transportes.

Colaboração
No site do movimento, há o campo “sua voz”. A ideia é que as pessoas gravem mensagens de voz de até 15 segundos com sugestões de respostas para assistentes virtuais aos assédios cibernéticos.

O objetivo é engajar as empresas, para que elas recebam as mensagens e alterem as respostas das assistentes virtuais a partir dessas recomendações.
O site também tem informações sobre o movimento, notícias sobre os temas de assédio cibernético e viés de gênero.

Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil, comenta a ação. “É necessário contribuir para o desenvolvimento de princípios éticos para administrar a inteligência artificial com transparência e responsabilidade”, afirma.

Outra iniciativa no mesmo contexto nasceu no Brasil. Recentemente, em ação da Ampfy, a Catraca Livre lançou a campanha Please Google, para que empresas de tecnologia adotem “palavrinhas mágicas” como por favor na ativação de assistentes de voz. A campanha também incentiva pessoas a compartilharem a #PleaseGoogle para ampliar o pedido.