Mulheres lideram o afroempreendedorismo no Brasil
A pesquisa Afroempreendedorismo Brasil, realizada pelo Movimento Black Money (MBM), Inventivos e RD Station, mostra que 61,9% dos empreendedores pretos e pardos possuem ensino superior ou maior, mas somente 15,8% apresentam renda familiar superior a seis salários mínimos. Segundo o estudo, a necessidade financeira é o principal motivo para a abertura de negócios.
O levantamento foi organizado com o objetivo de investigar as formas de afroempreendedorismo no Brasil, que é preponderantemente feminino, solitário e está ligado ao comércio, comunicação e indústria de cuidados. Micro e pequenas, as empresas com apenas um funcionário perfazem 63,2% dos empreendedores pretos e pardos pesquisados. Só 0,1% dos negócios possuem mais de 51 funcionários.
“Comecei a empreender em 2014, quando nasceu minha primeira filha. Não tinha com quem deixá-la e não podia cumprir a jornada CLT. Comecei praticamente sem nada, só eu e minha maca. Usava o que faturava para investir em capacitação. Trabalhei sozinha até 2018, quando comecei a contratar e expandir”, conta Zarah Flor, 35 anos, fundadora da Zarah Flor Estética e Laser, clínica especializada em tratamentos para pele negra, em depoimento para o estudo.
A maioria dos negócios vende diretamente para consumidores, o chamado B2C, e são informais. São Paulo é o estado que concentra 32,2% dos entrevistados, seguida pelo Rio de Janeiro (18,1%) e Bahia (15,3%). “Acreditamos que o recomeço do Brasil se dará em Salvador”, afirma Gabriel Leal, head de gente e gestão da Inventivos.
O acesso ao crédito e o preconceito racial também são os principais obstáculos. Cerca de 40,4% dos entrevistados relatam que suas maiores dificuldades vieram do processo de concessão de empréstimos, seguido do racismo, com 30,7%. Alan Soares, do Movimento Black Money, aponta o crédito solidário e a construção de cooperativas de fomento ao afroempreendedorismo como algumas das alternativas para estes microempreendedores.
O estudo mostra que a ideia de empreender parte de desafios relacionados à questão racial. Monetização e estratégias digitais estão entre as principais dificuldades dos negócios geridos por afroempreendedores, que buscam espaço em um mundo, o da tecnologia (cloud), que ainda é branco.
Os obstáculos incluem o desconhecimento de estratégias digitais (50,9%) e de métodos para tornar seus negócios rentáveis (59,2%). Ao observar a necessidade da comunidade negra em vender pelos canais digitais durante a pandemia, o MBM lançou seu marketplace para afroempreendedores, atingindo um crescimentode de mais de 1000% de empresários cadastrados e no número de compradores no e-commerce. Aulas sobre liderança, gestão e vendas estão entre as mais procuradas da Inventivos.