Mulheres não confiam em órgãos de combate à violência
O aplicativo PenhaS, do Instituto AzMina, acaba de lançar novas ferramentas para que as vítimas de violência possam denunciar os seus agressores sem precisar envolver a polícia. O modo camuflado, que garante mais segurança, e um feed para interação em tempo real, para promover melhor acolhimento, são as novidades do app lançado em 2019.
A decisão de trazer essas melhorias está baseada em uma pesquisa feita pelo instituto com o apoio da consultoria Plurix envolvendo 437 mulheres e homens de todo o Brasil. Os dados mostram que nove em cada dez mulheres não confiam nos órgãos oficiais de atendimento.
“As mulheres ouvidas pela pesquisa mostram que querem acabar com a violência, mas nem sempre querem envolver a polícia para que isso aconteça, então elas precisam ter meios alternativos, o que demanda não só melhores políticas públicas, mas também uma conscientização da sociedade. E o PenhaS é uma das iniciativas para colaborar com o enfrentamento da violência”, diz Marília Taufic, idealizadora do PenhaS, que já foi baixado por cerca de 14 mil pessoas em todo o país.
A pesquisa mostra que o problema começa na identificação da violência: 51% das mulheres responderam não sofrer ou já ter sofrido violência, por meio de pergunta direta. Mas ao serem questionadas de forma indireta sobre violências, a pesquisa do Instituto AzMina apurou que, da amostra total de mulheres, apenas 28% não sofrem violência, sendo a psicológica a mais frequente delas. Dos homens que responderam à pesquisa, 35% afirmaram já ter praticado algum tipo de violência em seus relacionamentos.
A nova versão do PenhaS chega no momento em que o Brasil enfrenta o aumento das ocorrências de violência doméstica e feminicídios. O número de usuárias cadastradas no app cresceu 30% durante a pandemia da Covi-19 (entre março de 2020 e fevereiro de 2021). “O PenhaS conscientiza mulheres sobre as violências sofridas e também sobre seus direitos para que elas rompam o ciclo da violência doméstica com autonomia”, explica Marília Moreira, coordenadora do PenhaS.
Informação, acolhimento e pedido de ajuda são pilares do app, que estende socorro também a qualquer pessoa disposta a combater a violência doméstica. O PenhaS é uma iniciativa do Instituto AzMina financiada pelo Fundo de Mulheres do Sul (FMS), Mamacash e Open Society. A segunda versão contou com os parceiros pro-bono Plurix (consultoria de UX) e Colletivo (estúdio de design).