Museus têm mais visitas
Talvez seja pelo preço ou quem sabe simplesmente para refletir… Pode ser também pela fácil e prazerosa maneira de unir entretenimento e informação/formação simultaneamente. O fato é que nesses tempos de crise econômica, de incerteza e receio sobre o que vem por aí, as pessoas mostram-se mais predispostas a visitar museus e outros centros de arte. A constatação é de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela LaPlaca Cohen, agência especializada em marketing cultural, com sede em Nova York, que deverá ser divulgada nos próximos dias.
A pesquisa foi feita para a Americans for the Arts, uma instituição não-governamental que existe há 45 anos dedicada a criar oportunidades para que cidadãos possam participar e apreciar todo e qualquer tipo de arte.
Segundo Arthur Cohen, sócio da La Placa Cohen, foram entrevistadas 1000 pessoas nos últimos três meses sobre como a crise econômica afeta o consumo cultural. 88% responderam que pretendem ir mais a museus e a outros espaços culturais. “É um momento muito interessante para as marcas”, avalia Cohen, ressaltando que apenas 12% dos entrevistados disseram que reduziriam a frequência de visitas a locais de interesse artístico.
Cohen é um expert em artes e sua associação a marcas e publicidade. A lista de clientes da agência dele tem jobs de publicidade ou consultoria para praticamente todos os grandes museus dos Estados Unidos e para as principais galerias de arte de Nova York, Los Angeles, San Francisco e Londres. Também trabalha para a Christie’s. Ele esteve no Brasil pela primeira vez na semana passada. Visitou Rio e São Paulo e na capital paulista, a convite do LMC Brasil (Luxury Marketing Council), apresentou uma palestra sobre luxo e cultura na sede da JWT.
No Rio, Cohen é só elogios para a exposição de Vik Muniz, em cartaz até 8 de março no Museu de Arte Moderna. “Ele já expôs várias vezes nos Estados Unidos, mas foi a melhor exibição dele que eu já vi”, disse Cohen, afirmando que a produção da mostra do artista que faz trabalhos com lixo, caviar e chocolate, é de “primeira linha”. “O prédio (do MAM carioca) também é maravilhoso.” Cohen elogiou ainda o material de divulgação e o catálogo da exposição de Muniz. “Tudo muito consistente”.
No Rio, ele também visitou a exposição que comemora o centenário de nascimento do paisagista e multiartista Burle Marx, montada no Paço Imperial. “A exposição do Vik era bilíngue. Foi difícil com Burle Marx (a exposição só tem informações em português) porque não dava para ler, mas foi possível entender porque ela está organizada cronologicamente”. Na última quarta-feira (11), Cohen havia programado visitas a museus e galerias paulistanas.
Sobre cases internacionais de associação de marcas a projetos de arte, Cohen destacou os investimentos que a Unilever vem fazendo na Tate Modern, em Londres. “É ótimo chegar lá e ver uma das aranhas enormes da Louise Bourgeois e logo depois uma placa informando que uma determinada exposção só é possível pelo apoio da Unilever”.
Sobre a estratégia de associar marcas a projetos culturais, Arthur Cohen diz que “ela é de grande importância pois cria um vínculo de originalidade e inovação. Pode ser para um produto de luxo ou para um produto de massa. A arte cria relacionamentos mais criativos com o consumidor”. Cohen também destacou ações da Louis Vuitton, que convidou artistas plásticos para desenhar bolsas, e uma ação da Coty com o Metropolitan Museum de Nova York.
Outra ação interessante citada por Cohen foi uma estratégia da Nissan para o lançamento de um carro em Londres. “Eles convidavam as pessoas, na verdade o target era de jovens, que saíam de uma exposição na Tate para fazer um test drive”.
por Marcello Queiroz