Mutação ou adaptação: como será o futuro dos eventos?
A pandemia da Covid-19 é um catalisador das inovações e quebras de paradigmas. E isto está impactando o mercado de eventos e comunicação corporativa, muito mais rápido do poderíamos imaginar.
Eventos, feiras, encontros de vendas, convenções e treinamentos drenam milhões de reais em investimento com um sentido único: unir e dar pertencimento a times e colegas, mensalmente, semestralmente, anualmente, independentemente da periodicidade em que são realizados pelas companhias.
A proposta não é substituir 100% dos encontros presenciais pós-pandemia, mas vale a reflexão sobre como podemos usar melhor a tecnologia e os recentes novos hábitos digitais para mudar a forma, os custos e, certamente, melhorar o aproveitamento destes recursos, para um futuro que ainda não conseguimos vislumbrar com absoluta certeza.
Sobre eventos digitais ou on-line, focados em interações de times, comerciais ou não, há muito o que aproveitar. Chegou a hora das empresas se prepararem tecnologicamente para essa grande mudança. Com a Covid-19 não sabemos por quanto tempo teremos que manter o isolamento, e é provável que tenhamos que viver em ondas de isolamento social por um longo prazo.
Sendo assim, como ficarão as reuniões de trabalho com equipes em cidades diferentes? Como serão as convenções de vendas de grandes times espalhados geograficamente em um País continental? E os treinamentos presenciais para times e equipes nacionais? Para entendermos isso precisamos levar em consideração alguns pontos:
1. Mesmo depois que tudo passar – pode demorar, mas vai passar- acontecerá uma mudança drástica na forma de comunicação. Viagens a trabalho diminuirão significativamente, pois estamos aprendendo e percebendo que é possível resolver muitas situações através de vídeo-chamadas.
2. Pequenos eventos de comunicação com público interno serão substituídos por transmissões via livestream. Com isso as empresas atingirão mais gente com um custo muito menor. Nasce a oportunidade de fazer comitês presenciais que reúnam as pessoas que estão com maior conveniência ou relevância para os eventos e interagir com encontros online. E surge a oportunidade de tornar a participação presencial como um reconhecimento e premiação a alguns.
3. O consumidor foi “forçado” a migrar para o digital, então é certo que depois de tudo isso os comércios eletrônicos, vendas e relacionamento on-line sairão fortalecido e ganhem um espaço muito além do físico.
4. As empresas precisarão se profissionalizar e acabar com a “gambiarra” digital. É necessário ter bons parceiros e fornecedores, capazes de prover soluções modernas e inteligentes, e avançar para o uso de inteligência artificial, que ainda é muito incipiente.
Algumas empresas já estão utilizando estes recursos, de quebra de paradigmas e busca por soluções de menor custo para conectar as forças de venda gigantescas espalhadas pelo Brasil.
A TIM, por exemplo, já investe em um programa via livestream, com frequência mensal, que mantém todo o time das mais de 500 lojas alinhado com os lançamentos de ofertas, novidades da empresa, cultura, e direcionamento das áreas de marketing e comercial.
Já a multinacional de alimentos Cargill resolveu migrar o encontro dos distribuidores, que antes era um evento caro e restrito apenas a presença dos gerentes por conta da logística de transporte aéreo, hotel e atividades de entretenimento, para um evento transmitido pela internet, em formato de programa de televisão. A transmissão ao vivo via YouTube teve interação dos participantes e participação de mais 1000 pessoas da força de vendas dos distribuidores.
Com estes novos formatos o ganho de alcance é muito maior, os custos são muito menores e o resultado é, sem sombra de dúvida, muito mais produtivo. É um caminho sem volta que foi acelerado com a pandemia da Covid-19.
Pedro Bannura é presidente da Digi, agência especializada em marketing de incentivo e relacionamento para grandes marcas como Coca-Cola Brasil, TIM, Burger King, Vigor, Cargill, Samsung, entre outras.