Na pandemia, jornalismo revigora seu papel como influenciador

Quando as eleições de 2018 mostraram a força das redes sociais (e do WhatsApp) e a decadência do “horário eleitoral gratuito” na definição dos votos dos brasileiros, muitos se apressaram em decretar a morte da imprensa como influenciadora do debate nacional. Apostavam numa comunicação sem intermediários, reduzindo a importância da mídia jornalística como portadora de suas mensagens.

Foi uma aposta precipitada. Pesquisas recentes mostram que, em meio à pandemia, a população reafirmou sua confiança em notícias como fonte de informação confiável. Na comunicação, o PR continua sendo uma maneira contundente de atingir seus públicos com informação verdadeira.

Segundo o recém-divulgado Digital News Report, mais importante estudo global sobre consumo de mídia, a confiança dos leitores brasileiros em notícias chegou a 53%, uma leve alta em relação ao ano passado. Se é verdade que esse total caiu após o massacre de 2018 (era de 68% na pesquisa anterior às eleições), o fato de a confiança não apenas crescer, mas estar entre as 5 mais altas do mundo demonstram o poder da imprensa no Brasil, e sua importância na definição de qualquer estratégia — de governo, negócio, de comunicação…

A pesquisa deste ano foi realizada entre janeiro e fevereiro, portanto é anterior à pandemia. É provável, portanto, que o índice de confiança em notícias esteja ainda maior. Na confusão de informações sobre a pandemia, a imprensa tem sido um refúgio confiável, como têm mostrado o aumento de audiência em todos os meios.

Em pesquisa do Datafolha realizada em entre 18 e 20 de março, que coincide com o pico de audiência de sites informativos auditados pelo IVC (Instituto Verificador de Comunicação), 61% da população dizia confiar nos telejornais, 56% nos jornais impressos e 38% nos sites de notícias.

O estudo do Reuters Institute mostrou ainda que, pela primeira vez, as redes sociais superaram a televisão como fonte de notícias dos brasileiros. O dado dever ser lido com cuidado, já que a pesquisa abrange pessoas com acesso à internet que tinham lido notícias no mês anterior à pesquisa. Como a proporção de cidadãos conectados no país é de 70%, ficam de fora cerca de 60 milhões de brasileiros, que certamente têm a TV como fonte principal de informação (99% dos lares brasileiros têm um aparelho, diz o IBGE).

De todo modo, o relatório é uma ferramenta tremendamente útil para qualquer planejamento de comunicação e merece ser consultado na íntegra [http://www.digitalnewsreport.org/].

Juliano Nóbrega é CEO da CDN Comunicação