“Não preciso subir no palco para falar de representatividade”
Iza apresenta o Música Boa Ao Vivo desde 5 de junho deste ano, no Multishow
A cantora Iza vive momento de onipresença na mídia. No Carnaval deste ano, estrelou com Moraes Moreira a campanha da Apple para promover o recurso de câmera do novo iPhone X. Mais recentemente, para a Copa do Mundo, entoou o hino da torcida N.1 com Daniela Mercury, para a Brahma. Agora, no começo de junho, deu novo passo na televisão como apresentadora do Música Boa Ao Vivo, tendo a missão de substituir Anitta no Multishow.
Ao olhar sua trajetória nos últimos três anos, a carioca de Olaria (RJ), como Iza sempre gosta de lembrar, jamais imaginaria que chegaria no espaço que ocupa. Publicitária formada pela PUC-RJ, a cantora trabalhou como editora de vídeo e com redes sociais, tendo total pavor às câmeras. Pelo menos era o que pensava até que se viu pela primeira vez no vídeo e se apaixonou.
De lá para cá tomou a árdua decisão de abandonar a publicidade e seguir na música, abrindo um canal no Youtube. A aposta foi certeira e três anos depois lançou seu primeiro álbum pela Warner Music. “Dona de Mim” teve estreia em maio deste ano. Na entrevista a seguir, Iza fala sobre carreira, escolhas na profissão, diversidade, empoderamento e, claro, publicidade.
A mídia parece estar mais aberta à diversidade. Hoje temos a Pabllo como apresentadora do Multishow, e agora você como primeira mulher negra no canal. O quanto essa oportunidade contribui para promover as bandeiras que acredita?
Me sinto muito lisonjeada de estar neste lugar. Não preciso subir no palco para falar de empoderamento e representatividade, porque na real, eu já sou uma menina negra de Olaria em cima do palco do Música Boa Ao Vivo. Sou a primeira mulher negra apresentadora aqui. Nós somos pouquíssimos na televisão. Na TV paga, então, menos ainda. É um passo muito importante que todas nós mulheres estamos dando, não só as negras, mas mulheres à frente de um programa. Vivemos um momento muito especial em termos de representatividade e empoderamento e fico feliz de estar fazendo parte disso.
O cenário mais aberto se repete, inclusive, na publicidade, certo? Você tem feito alguns trabalhos nesse sentido. Como faz o filtro de quais marcas se aliar?
Acho muito importante analisar a fundo a marca, sua história, resgatar as campanhas que ela já fez, os cases de sucesso. Me preocupo bastante na hora de me associar, até porque minha carreira não tem divisão entre a Iza e a Isabela, é uma coisa só. Quando eu me alio profissionalmente a uma marca, estou com ela pessoalmente, não tem pessoa física e jurídica. Sei que a partir do momento que estou com essa marca ela vai me representar. Quando as pessoas olharem para ela vão lembrar de mim também.
A gente percebe que suas campanhas são muito bonitas plasticamente, além de sempre trazerem o fator da música. Esses trabalhos refletem a personalidade e sua essência?
Tenho de fato uma preocupação estética muito grande nas campanhas que participo. Fico feliz que os contratantes percebem isso e permitem que eu troque essa ideia. Isso faz parte da minha aprovação, só entro em um projeto quando eu sei que aquilo também vai ter minha cara e que eu tenho liberdade e abertura para opinar.
Como na campanha de L’oreal Paris que lançou o conceito “esse brilho é meu”? Como foi a experiência de produzir o branded content com a marca?
Quando a gente faz direito, essa campanha ultrapassa o status de comercial ou propaganda, tanto é que hoje eu canto “esse brilho é meu nos meu” nos meus shows. As pessoas pedem. Foi um projeto muito bem sucedido e foi minha intenção também que fosse uma música de qualidade em que os meus fãs pudessem se identificar.
Você já trabalhava com publicidade quando resolveu abraçar a música. Como foi a decisão?
Sou formada pelo PUC e trabalhei com publicidade, marketing e audiovisual por algum tempo. Com 25 anos resolvi deixar tudo, criar meu canal no Youtube e me arriscar na música. Eu tive boas experiências trabalhando com publicidade. Antes disso eu queria arquitetura, desenho industrial, design, moda, mas por fim cheguei na publicidade porque queria muito trabalhar com pessoas e contar histórias. Claro que no backstage. Eu não queria estar na frente das câmeras de jeito nenhum. Pelo menos eu achava que não. Mas aí na faculdade, lá pelo terceiro período, tive a primeira experiência em frente às câmeras. Eu lembro que adorei me ver na câmera. Sempre cantei desde pequena, mas nunca passou pela minha cabeça ser cantora. Não imaginava que me tornaria profissional da música. Que bom que as coisas mudaram.
O quanto ter tido essa experiência anterior facilitou a transição para a nova carreira?
Já trabalhei com mídias sociais, com direção de vídeo, com RH, fui trocando de emprego até achar minha paixão. Aproveito muito de tudo que vivi até hoje. Achava que tinha perdido tempo começando com 25 anos, mas, na verdade, acho que hoje tudo fica mais fácil depois de ter lidado com chefe, horário, responsabilidades, trabalhar com outras pessoas e com funções diferentes da minha. Tudo isso me preparou muito para a carreira que tenho hoje.
Campanha da Brahma traz o hino da torcida N.1
E quanto a sua experiência com o canal no Youtube?
Isso me ajudou a criar uma base consistente de fãs, a me acostumar a me ver no vídeo, a me desenvolver cantando na frente da câmera, e também para me autoafirmar como cantora por que era a única coisa que podia fazer naquele momento. Era a única opção. Muitas pessoas não sabiam que eu cantava, fazia shows. Fui construindo minha imagem aos poucos e o Youtube me ajudou nesse processo. É um excelente lugar para se expressar.
Você se preocupa com o possível desgaste de sua imagem devido ao excesso de aparições, seja no programa ou com propaganda?
Não me acho velha, mas comecei em uma idade em que já tinha mais noção. Se começasse mais nova, talvez eu fosse uma pessoa completamente diferente. Penso com muita calma nas parceiras, não topo qualquer coisa, meu empresário também não pensa assim. Meu plano de carreira é para a vida inteira, quero fazer cada vez melhor e viver para sempre disso, então é muito importante não dar passos em falso.
Mais detalhes da nova temporada do programa Música Boa Ao Vivo, bem como entrevista da cantora sobre sua participação na atração do Multishow podem ser vistos na próxima edição impressa do PROPMARK.