NBA gera polêmica com novos patrocínios na televisão

A NBA fechou na última semana um acordo bilionário com a Turner e com a ABC/ESPN, garantindo US$ 2,4 bilhões por ano por nove temporadas a partir de 2016 pelos direitos de transmissão das partidas da liga americana de basquete.

O valor chama atenção por ser quase três vezes maior que a atual conjuntura da parceria, e também por estabelecer novos critérios, aumentando o poder decisório dos players de mídia na negociação com a entidade.

Um dos fatores que entrou nessa discussão foi a polêmica dos patrocínios nos uniformes: enquanto os “puristas” defendem uma camisa limpa, o novo contrato permite às franquias e à própria NBA negociar exposição de marcas nas vestimentas dos atletas, monetizando um ativo até então inexplorado. A WNBA, liga feminina, já adota a prática.

“Eu acho que cria uma boa oportunidade dos nossos parceiros de marketing se aproximarem dos nossos fãs e jogadores. Isso nos dá uma oportunidade de ter uma integração mais profunda em termos de patrocínio”, disse Adam Silver, comissário da NBA, que prevê que a novidade seja de fato colocada em prática em até cinco anos.

A questão dos patrocínios era debatida desde 2012 como uma alternativa para aumentar a renda da liga, então sofrendo com ameaça de locaute, em até US$ 100 milhões. As rígidas regras de uniforme “limpo” afrouxaram-se um pouco quando a NBA passou a permitir a exibição da fornecedora de material esportivo nas camisas recentemente.

Para Clarisse Setyon, coordenadora do MBA de Marketing Esportivo e professora da ESPM, a grande dúvida paira a respeito da gestão deste novo ativo. “Como lá a negociação segue o modelo de liga, não sei como a NBA vai lidar para determinar os patrocínios e que marca apoia qual franquia. O espaço é pequeno e eles devem ser rígidos no controle das marcas”, comentou. A executiva também disse que a medida pode vir a ser boa para a NBA pelo fim de um “puritanismo que não se justifica mais”, mas recomendou cautela para evitar o “loteamento” dos uniformes.

A nova medida gerou polêmica entre os atletas: por um lado, o teto salarial de US$ 63 milhões poderia aumentar, mas existem jogadores com pensamento contrário, como Kobe Bryant, astro do Los Angeles Lakers, que crê que a verba vai parar apenas nos bolsos dos donos de franquias, e não irá para os esportistas.

O próprio poder de negociação dos canais de mídia também foi colocado em xeque, uma vez que a Turner e a ABC/ESPN terão voz mais ativa na NBA por conta do novo contrato.