Nielsen mostra a cara do Nordeste
O consumidor do Nordeste está em plena transformação. A região vive um círculo virtuoso que tende a continuar pelos próximos dois anos. Segundo o presidente da Nielsen, Eduardo Ragasol, o círculo virtuoso vem dos investimentos públicos e privados – do bolsa família aos investimentos em infraestrutura ao investimento grandes empresas como Fiat, Nestle, Danone. Brasil Foods, Bauducco, Kraft Foods, AmBev.
E
mbora ainda tenha metade da pobreza do Brasil, o consumo de 130 categorias de produtos cresceram no nordeste 40% enquanto no Brasil a média de crescimento foi de 26%. A velocidade de consumo no Nordeste foi cinco vezes maior do que a média nacional. No Nordeste, 64% do consumo vem de consumidores de baixa renda, enquanto no Brasi 36% do total do consumo vem deste segmento.
No Nordeste as famílias são maiores, há mais crianças, as donas de casa são mais jovens. Segundo o estudo da Nielsen, o estilo de vida predominante é conformado e trabalhador. O principal drive de consumo é a vantagem: o nordestino busca preço e promoção. Entre as características locais, estão a força da venda porta-a-porta.
“O consumidor nordestino é diferente, porém é dinâmico. Caminha para se tornar cada vez mais consciente”, diz Ragasol.
O estudo da Nielsen apontou que o peso da cesta básica no Brasil e maior no Nordeste do que no restante do país. Se o uísque é a 37a categoria em valor no país, no nordeste á a 15a. As categorias mais fortes são bebidas alcoólicas, mercearia doce, higiene e beleza, água mineral, iogurtes e refrigerantes. Os produtos que obtiveram maior crescimento no último ano foram cervejas (34%), refrigerantes (17%), água (4%), leite em pó (3%), aguardente (3%), fraldas e desodorantes (2%).
“As categorias mais fortes tiveram bons investimentos e ações competentes dos players, por isso se desenvolveram. Nas categorias mais fracas, há falhas das empresas, que não estão sabendo trabalhar”, comentou Ragasol. É o caso, por exemplo, de sucos prontos amaciantes, papel higiênico, maionese. Segundo o estudo, há muita força no pequeno varejo mas potencial para o crescimento do varejo de médio porte.
Entre as peculiaridades do Nordeste está a força das marcas regionais que dominam por exemplo 87% das vendas de água, 68% das vendas do café em pó, 63% das vendas de aguardente e 57% do mercado de biscoitos nordestinos. Quatro destas marcas líderes no Nordeste são líderes nacionais.
“As marcas regionais souberam trabalhar. Souberam estabelecer preço e embalagens adequadas, e 57% delas são predominantes na classe C”, apontou Ragasol.
Para provar que o consumidor está se desenvolvendo, o estudo apontou quatro tendências: a Sofisticação do Consumo (busca por marcas premium/diferenciação), a Tendência à Indulgência, o crescimendo da cultura do Faz Bem (cultura do bem-estar) e a busca da Conveniência (busca por produtos que supram a falta de tempo).
por Claudia Penteado