Nizan, o retorno
Nizan Guanaes começou sua carreira de redator publicitário na pretenciosa, mas ainda pequena, DM9, na Bahia, agência fundada pelo então já consagrado Duda Mendonça.
Em uma das primeiras regionais do Colunistas Norte-Nordeste, fiz parte do júri e vi uma série de trabalhos de primeiro mundo dessa agência, todos com a assinatura do jovem Guanaes.
Na cerimônia de entrega, algumas semanas depois, quis conhecê-lo e me atrevi a aconselha-lo: “Com o seu talento, você vai parar em São Paulo. Mas, passe antes pelo Rio”.
Coincidência, ou acreditar no jornalista especializado já tarimbado no ofício e no mercado, Nizan foi para o Rio trabalhar na filial da DPZ, passando antes pela Artplan.
Na época, Washington Olivetto era o diretor de criação da vitoriosa agência, com base na capital paulista. Quando tomou conhecimento do talento do jovem baiano, trouxe-o para São Paulo.
Cumpriu-se o conselho do jornalista, que não chegou a prever o ponto maior ainda por vir: a vocação empresarial de Nizan. Já com seu nome feito em São Paulo, associou-se a Duda Mendonça para abrir a DM9 (SP). Duda depois saiu do negócio, Nizan vendeu boa parte do capital acionário para DDB, aproveitando o crescimento do seu prestigio para além das nossas fronteiras.
A partir daí, não parou mais. Inventou o IG, nos primórdios da internet empresarial. Criou a Africa, o Grupo ABC com outras agências, casou, descasou, casou novamente, desta vez com uma mulher que foi feita para ele: Donata Meirelles. Um completa o outro, um estimula o outro. Paixões verdadeiras e um admirável binômio no conhecimento e desfrutar da vida.
Com tantas agências e negócios bem feitos, já era para Nizan estar morando em Nova York, controlando seu império pelo digital. Mas, o trabalho lhe faz falta. Aquele menino baiano que um dia chorou a desgraça repentina da perda do pai, um médico dos bons em Salvador, não nasceu e cresceu apenas para desfrutar. Precisa trabalhar, ter novas ideias, aplicá-las, errar e acertar (mais, muito mais, acertar do que errar), fazer palestras, ser contraditório, levar projetos adiante, acreditar e acreditar.
Desde quando fez a campanha política vitoriosa do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República, Nizan Guanaes sabia que estava se metendo em um negócio sem começo, sem meio e menos ainda fim.
A comunicação é a sua paixão e por ela arrisca tudo o que pode. Se o céu é o limite para alguns talentos difíceis de serem medidos, para ele é apenas mais uma plataforma a ser entendida e ultrapassada, respeitados, porém, seus valores e significados.
Agora, volta à DM9, tema de capa desta edição da Propaganda. Já provocando notícias, como a da adoção do bebê Johnson com síndrome de Down na campanha do Dia das Mães, comovendo a todos. Nizan sabe melhor que ninguém que a comunicação publicitária deve mexer com os sentimentos para conquistar o consumidor. Faz e persegue isso também com um incalculável sentimento. Só pode dar certo.