Nova Economia, velhos conceitos
Acompanhando de perto a transformação digital da nossa sociedade, vemos as pessoas cada dia mais conectadas e as plataformas digitais roubando a atenção de outras mídias. Os brasileiros ocupam as primeiras posições em quase todos os rankings do universo online: quarto lugar no mundo em usuários de internet - segundo estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento divulgado no final do ano passado -, terceiro povo mais conectado do globo, navegando surpreendentes 9h diárias na internet e 62% do total da população brasileira está conectada a alguma rede social de acordo com a agência We Are Social. Diante desse cenário, é natural deduzirmos que os veículos digitais, bem como os investimentos em mídia eletrônica, acompanham essa tendência e superam as chamadas mídias tradicionais, certo? Na verdade, não é bem assim.
Embora tenha registrado crescimento acima do esperado no Brasil em 2016, movimentando R$ 11,8 bilhões, resultado 26% superior na comparação com o ano anterior, o mercado brasileiro de publicidade digital ainda tem um longo caminho a percorrer. Esses números, que integram o levantamento Digital AdSpend 2017, do interactive Advertising Bureau (IAB Brasil), feito em parceria com a Comscore, projetavam que, se a elevação se mantivesse, os investimentos em digital responderiam por um terço do mercado publicitário no fechamento de 2017. Um resultado expressivo, mas ainda incompatível com a importância que a tecnologia e essas mídias desempenham na vida das pessoas atualmente.
E por que isso acontece, você pode estar se questionando. Por diversos motivos, a começar pelo fato de que estamos vivendo um momento único em nossa história no qual as chamadas Antiga Economia e a Nova Economia convivem. O mundo digital abriu infinitas possibilidades para trabalharmos a imagem de empresas de todos os tamanhos, de maneiras disruptivas e pouco convencionais. Mas as antigas fórmulas, resultados de anos de prática e, muitas vezes, de resultados positivos, que invariavelmente envolviam investimentos altos, ainda sobrevivem na cabeça e no repertório de muitas pessoas. Aqui é necessário compreender que a mudança cultural é urgente: quem assimilar mais rapidamente que esse novo mundo requer outras práticas e uma análise constante das tendências terá chances maiores de sobrevivência.
É necessário atualizar-se o tempo inteiro e muitas empresas já possuem processos para fazer com que esta máxima se transforme em prática. No trabalho de relações públicas e de construção da imagem de empresas e marcas, por exemplo, é fundamental pensarmos de maneira abrangente e considerarmos, além do relacionamento com a imprensa e outros públicos, conceitos como o de inboud marketing, ferramentas de automação e a integração disso tudo com social media. São formas novas de comunicação que nasceram com a tecnologia e que se fortalecem a cada dia, pois fornecem valiosos indicadores do comportamento dos consumidores, insumos para as mais diversas estratégias. E quem entendeu a importância desse movimento e já começou a trabalhar nesse sentido sabe o quanto o mundo digital pode ser promissor.
Gabriela Kirschner é fundadora e CEO da Mosaike