Nova polêmica em Media fará Cannes Lions rever política de créditos
Uma nova polêmica pela disputa em rankings de mais premiados, novamente envolvendo a área de Media Lions e as duas principais holdings de comunicação do mundo – a inglesa WPP e a americana Omnicon –, faz com que o Cannes Lions se pronuncie visando novas reformulações para definição das listas de vencedores.
Após a edição de 2012 do festival, uma série de acusações, partindo de jurados da área de Media, gerou grande desconforto envolvendo WPP e Omnicom. A base para a discussão era sobre suposto boicote de profissionais do WPP (que controla redes como Y&R, Ogilvy e Grey) com trabalhos do concorrente (detentor de DDB, BBDO e TBWA).
À época, o CCO global da DDB, Amir Kassaei, declarou à imprensa internacional: “foi avisado por não menos que 12 jurados que pessoas de outras holdings foram brifadas para ‘matar’ trabalhos do Omnicom, especialmente da DDB, da BBDO e do TBWA. Isso não apenas mostra maus perdedores, mas também fere a integridade e responsabilidade do Cannes Lions como balizador da excelência ao redor do mundo”. O júri de Media daquele ano foi presidido por Mainardo de Nardis, CEO da OMD Worldwide – pertencente ao Omnicom.
Como forma de diminuir a discussão, a organização do Cannes Lions remodelou o formato de julgamento de Media Lions para este ano, decidindo que apenas oito dos 40 jurados selecionados participariam da decisão por Leões, após ser montado o shortlist com a participação geral. Jack Klues, chairman da VivaKi (pertencente ao francês Publicis Groupe), presidiu o júri que entregou o título de Agência de Mídia do Ano – atualmente a única distinção específica de uma área no festival – à OMD Sydney.
Nova discussão
A nova polêmica nasceu quando a GroupM, agência de mídia do WPP, declarou-se por meio de seu presidente, Dominic Proctor, a maior vencedora de Leões de Media este ano, indicando apenas não ter sido eleita agência do ano por não ter seu nome em todos os trabalhos da qual teria participado. Oficialmente, a rede teve 26 troféus, mas, em sua contagem posterior, alegou ter 45.
A posição irritou de Nardis, CEO da OMD, que acusou o WPP de tentar “inflar o número de Leões do grupo após o fim do festival, ferindo seu regulamento”, já que a rede teria solicitado a inserção do nome da agência em diversos trabalhos após o término do evento.
Após a troca de farpas pela mídia, a organização do Cannes Lions se posicionou oficialmente com comunicado divulgado nesta terça-feira (9). O documento destaca: “Após alegações recentes feitas por várias agências da mídia sobre o volume de Leões conquistados, o Cannes Lions deseja deixar clara sua posição. O festival reconhece a agência de mídia líder com o prêmio Media Agency of the Year. Esse é o único prêmio oficial outorgado no que se refere aos trabalhos de mídia de uma agência e em 2013 foi dado à OMD Sydney. Várias empresas fizeram reivindicações sobre o número de Leões que estavam envolvidos na conquista. Ao fazê-lo, podem não ter sido a empresa que os inscreveram, mas teriam sido mencionadas nos créditos secundários. De acordo com as regras do Cannes Lions, esses créditos podem ser alterados após o festival se a empresa que os inscreveu estiver de acordo com a mudança proposta. Até a data, todas as reivindicações feitas foram validadas pelo festival baseadas na empresa que inscreveu os trabalhos ter sido contatada e concordar com a alteração do crédito. No entanto, para esclarecer os futuros questionamentos no número de leões conquistados, Cannes Lions reverá a política de alteração de crédito”.
Com isso, o Cannes Lions pode, a partir do ano que vem, impedir mudanças nas fichas técnicas após o início do festival. Vale lembrar que a edição de 2013 foi a primeira em que o resultado de todas as 16 áreas do evento passaram a contar para o título de Agência do Ano, com exceção da própria Media Lions, que mantém o título de Agência de Mídia do Ano.