Novas tecnologias desafiam revistas

Mesmo com toda a revolução das plataformas de conteúdo, que agregou ao meio impresso portais, tablets e smartphones, sempre haverá espaço para informação. Segundo a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), a revista na versão impressa não está com os dias contados. A busca de conteúdo de qualidade é o principal objetivo do leitor de revista e este quesito tem sido atendido pelas editoras, na visão da entidade.

A principal função de uma revista é entreter e fornecer conteúdo. A entidade argumenta que um fato que mostra a força do veiculo é o grande crescimento de produção de conteúdo assinado por grandes marcas, as revistas customizadas.

O crescimento das multiplataformas aumenta, consequentemente, a responsabilidade dos editores e a influência que o meio traz. Não importa o formato, a plataforma ou o meio. Sempre haverá necessidade de reportagem. As revistas, por não serem diárias, trazem coberturas mais aprofundadas dos acontecimentos que os jornais. Têm mais tempo para apuração dos fatos. Outro diferencial é a segmentação.

Uma das primeiras revistas do mundo surgiu em Paris, em 1665. Com a evolução das técnicas de impressão foi possível aumentar a circulação e popularizar o formato revista, o que antes era caro por ter mais volume e qualidade que os jornais. Desde aquela época já havia uma preocupação com a fotografia e a qualidade de impressão.

O conceito de revista como mídia de massa surgiu no início do século 20, antes da Primeira Grande Guerra. Quanto maior a tiragem, menor é o custo por exemplar. O desenvolvimento do setor de transportes facilitou a distribuição. Na época, muitos leitores passaram a optar pela revista em vez de livros. A alta circulação começou a atrair anunciantes, o que ajudava a baixar os custos de produção.

No Brasil, o primeiro registro de revista produzida foi a chamada As Variedades ou Ensaios de Literatura, publicada em Salvador em 1812, que seguia os moldes das revistas europeias. Um ano depois, surgiu O Patriota. Em 1827, surgiu a primeira revista segmentada do país, chamada O Propagador das Ciências Médicas, lançada pela Academia de Medicina do Rio de Janeiro. Depois veio a publicação feminina Espelho de Diamantino, a de variedades Marmota da Corte, a de fotografias Semana Ilustrada, e a erótica Rio Nu. Em 1900, surgiu a Revista da Semana, depois a Careta e A Maçã.

Em 1928, o jornalista Assis Chateubriand lançou o que seria o primeiro grande sucesso editorial do país, a revista Cruzeiro. O êxito foi tão grande que até a década de 1950 a revista atingiu a marca de 700 mil exemplares vendidos em uma única edição. Em 1948, a Ediouro colocou no mercado a revista de palavras cruzadas Coquetel.

Manchete

Em 1952, a Editora Bloch lança a revista semanal Manchete. Vieram Fatos & Fotos, Quatro Rodas, Capricho, Manequim, Claudia e outras. Lançada em 1963, em Londres, a Ladies Mercury, que é considerada a primeira revista do mundo voltada ao público feminino.
Em 1968, a Editora Abril lança a Veja, inspirada na norte-americana Time. Atualmente é a terceira mais importante revista semanal de informação do mundo. Depois vieram Exame, Placar, Playboy e IstoÉ.

A década de 1980 foi marcada pelo lançamento de revistas voltadas a beleza e saúde, acompanhando o movimento crescente de vaidade feminina. Foi quando surgiram títulos como Saúde, Boa Forma e Corpo a Corpo. O nicho de arquitetura e decoração também ganhou força e foi lançada Arquitetura & Construção, da Editora Abril.

Em 1988, dois anos depois que o Brasil saiu da ditadura militar, Roberto Civita propõe a criação da Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas). O objetivo era fortalecer o mercado editorial de revistas junto ao governo brasileiro.

Na virada do século, a revista foi inserida no meio digital. Começa então um novo desafio. A revista, desde seu inicio, já competia com outros meios. Porém, nenhum meio abalou mais o setor de revistas quanto a internet. Entre 2001 e 2002, a participação das revistas no investimento publicitário caiu 2% e o novo direcionamento dos anunciantes para internet foi apontado como um dos fatores da queda.

As revistas transformaram-se em conteúdo ligado à marca. Isso permite que existam formatos digitais e impressos. Um fenômeno que movimentou positivamente o mercado editorial foi a ascensão da classe C, na era Lula. Com os consumidores emergentes, houve ampliação dos meios digitais e impressos, num movimento inverso ao das grandes economias mundiais. Começaram a ser explorados nichos voltados para a classe emergente.

*Colaborou Bárbara Barbosa