Rafael Nasser, sócio-fundador da marca: “Os hábitos de higiene e limpeza devem melhorar”

A corrida dos brasileiros pelos produtos de primeira necessidade no combate à Covid-19 fez a venda dos lenços umedecidos antissépticos Free Wipes, da mesma fabricante do bloqueador de odores sanitários FreeCô, disparar em 10 mil %, afirma Rafael Nasser, sócio-fundador da empresa. Segundo ele, de fevereiro para março, a quantidade aumentou de 10 mil unidades para 1 milhão. Em abril, as vendas chegaram a 800 mil unidades. O executivo acredita que um dos ensinamentos que a pandemia vai deixar será a melhora dos hábitos de higiene e limpeza. “Isso pode ser um dos legados positivos, uma vez que a melhora destes hábitos está bastante ligada com a melhoria da saúde da população em geral”, destaca Nasser. Confira a seguir a sua entrevista, em que ele fala também sobre a mudança na rota da comunicação das marcas, que está sendo reavaliada mês a mês.

Que medidas a FreeCô tomou para navegar na crise?

Para o FreeCô, adotamos uma estratégia de comunicação mais focada em performance, além de redobrar esforços no trade de farma. Abrimos condições diferenciadas para facilitar o acesso ao nosso produto como promoções (desconto no e-commerce, frete grátis etc), além de abrir novos canais de vendas digitais, através de marketplaces e parceiros digitais estratégicos. Já para Free Wipes, tivemos de adotar medidas mais focadas na produção e logística. Incrementamos muito nosso volume de produção e lutamos para introduzir o produto de forma mais abrangente no varejo. E tem dado certo. Aumentamos 10 mil% as vendas do Free Wipes.

As vendas da marca caíram nesse período da pandemia?

Nosso carro-chefe é o bloqueador de odores sanitários FreeCô e ele apresentou uma queda na faixa de 30% nas vendas, pois, com chegada da pandemia, a prioridade do consumidor se voltou para os produtos de primeira necessidade do varejo: álcool em gel, máscaras etc. Em contrapartida, o Free Wipes, nossos lenços umedecidos antissépticos, tiveram um crescimento de demanda na faixa de 10.000% de fevereiro para março.

Como está a comunicação da empresa no momento? Há alguma campanha no ar?  

Concentramos nossos esforços em estratégias e canais mais voltados para performance, mas obviamente não abandonamos os investimentos em marca. Estamos priorizando comunicações que ajudem na acessibilidade aos produtos e também informativas com relação à pandemia, dentro do segmento que podemos contribuir, claro. Neste exato momento não temos campanhas no ar, mas em abril desenvolvemos ações pontuais, como o Dia da Mentira, e campanhas promocionais como frete grátis no e-commerce. E em maio já temos programadas campanhas para o Dia do Trabalho, Dias das Mães e o Maio Roxo.

Qual é a agência de publicidade da FreeCô? As estratégias de comunicação foram revistas por causa da pandemia?

Nossa agência, há quase cinco anos, é a Today. Mais do que agência, são nossos parceiros estratégicos. O planejamento estratégico de comunicação desenvolvido para 2020 foi inteiramente revisto durante abril. Revisitamos o que estava planejado para avaliar o que poderia ser mantido, excluído ou alterado. Novas iniciativas foram desenhadas a partir disto, com visão de curto e médio prazo. Nosso foco agora é maio, depois junho e assim por diante.

Como a marca está se comunicando com o seu público no momento?

Temos a vantagem de desde o início sermos uma marca próxima, inclusiva e empática. Nesse sentido, nosso tom de comunicação continua funcionando perfeitamente. Não foi surpresa para nossos seguidores e consumidores o tom de apoio e empatia que estamos trabalhando durante a pandemia, pois isso sempre fez parte do nosso DNA. Incentivamos que as pessoas que puderem fiquem casa e, além de comunicar formas mais fáceis de acessar nossos produtos, estamos trazendo entretenimento através de comunicações engraçadas e informativas. Vide campanhas relacionadas ao Dia da Mentira, conteúdos de eSports, incentivo a lives musicais, entre outras.

Qual é o cenário vislumbrado pela empresa no pós-coronavírus?

Essa pergunta é uma incógnita e vai depender de uma série de fatores. Mas acreditamos num cenário de mudanças e retomada, sem dúvidas. O varejo deve mudar e as marcas que forem mais rápidas nestas adaptações ganharão a preferência dos consumidores. Os hábitos de higiene e limpeza devem melhorar e isso pode ser um dos legados positivos, uma vez que a melhora destes hábitos está bastante ligada com a melhoria da saúde da população em geral. Além do vírus, vivemos um momento de tensão política no país que é agravado pela situação econômica e fiscal. A torcida é que a economia melhore em 2021 em relação a 2020, mas isso vai depender de um esforço organizado entre todas as esferas políticas para a retomada da economia e emprego ao longo do ano. Do ponto de vista de hábito e comportamento, acreditamos que as pessoas concentrarão cada vez mais o consumo através de canais digitais. A população mais velha, por exemplo, que tinha pouca penetração nos canais on-line, foi praticamente forçada a consumir por este canal.