Novo presidente do Conar mira publicidade responsável

Em tempos de fake news, nada melhor do que ter uma publicidade responsável. As palavras são do jurista João Luiz Faria Netto, que acaba de assumir a presidência do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Durante cerimônia de posse nesta quinta-feira (9), na sede da entidade, em São Paulo, o executivo resgatou o surgimento da entidade há 40 anos e como sua essência continua sendo preservada.

Responsável pela criação do primeiro estatuto da entidade, com orientações que guiariam até os dias de hoje o trabalho de análise ética de campanhas, Netto não é um outsider no mercado. Jornalista e ex-diretor executivo da Associação Nacional dos Jornais, recebeu do próprio Roberto Marinho a missão de ir ao Ministério da Indústria e Comércio informar o governo que seria criado uma entidade privada para autorregular o setor. A propaganda corria sérios riscos de sofrer censura governamental, por meio da criação de uma autarquia que avaliaria as campanhas.

Alê Oliveira

João Luiz Faria Netto (à esq.) foi empossado como novo presidente da entidade. Gilberto Leifert esteve à frente do órgão nos últimos 20 anos

Passado o sufoco do regime militar e a chegada da redemocratização, o mercado publicitário passa por novos desafios. A começar pela disseminação das notícias falsas, levando a um cenário de desconfiança e ameaça a credibilidade dos veículos.  Como reflexo, até mesmo a publicidade acaba sendo contaminada, como destaca Netto. “Eu chamo isso de propaganda fake. Aquela comunicação enganosa e de emboscada. A gente tem que descobrir e atacá-la. Porque a publicidade  também deve assegurar ao jornalismo a liberdade de noticiar”.

A cerimônia de posse contou ainda com a presença de Gilberto Leifert, que ocupou a presidência do Conar nos últimos 20 anos. Fazendo um balanço sobre o papel da entidade, o executivo destacou o mérito de conquistar a confiança do mercado. “Existem as leis que regem a sociedade e obviamente a propaganda, mas o Conar conseguiu conquistar a confiança do mercado publicitário para estabelecer as normas éticas que passaram a partir de 1978 a reger a propaganda, e com esse crédito e responsabilidade, nós a conduzimos até aqui de forma privada, regras instituídas pelo mercado voluntariamente e por ele praticadas”, afrimou.

O PROPMARK da próxima edição impressa vai trazer mais detalhes das entrevistas de Leifert e Netto, bem como suas visões sobre a propaganda feita hoje.