Novos atores

Alê Oliveira

Armando Ferrentini, diretor-presidente da Editora Referência

Certa ou errada, conforme a cor da camisa que se veste, a decisão do STF dá uma trégua à crise política, que no Brasil sempre reflete na economia.

Com isso, e curiosamente, pois em nosso país o período que agora começa e dura até Quarta-Feira de Cinzas costuma ser de calmaria na maior parte dos segmentos de negócios, poderemos ter nesse período um aquecimento na economia, mesmo que abaixo do necessário.

Assim é o Brasil, contradizendo o mundo e contradizendo-se, o que nos faz quase únicos em muitos sentidos. Há não mais de dois meses, o foco do impeachment recaía sobre a presidente da República, pelas suas pedaladas contrárias à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Quando o relator do TCU as condenou, falando em nome dos seus pares, grande parte da população brasileira já vislumbrava repetição de 1992, quando Collor de Mello foi deposto do mais alto cargo público da nação.

Um grupo de pessoas sagazes que orbitam em torno de Dilma Rousseff foi aos poucos porém satanizando Eduardo Cunha, presidente da Câmara Federal, a ponto de transformá-lo em inimigo público nº 1 do Brasil, apesar dos seus malfeitos (como gosta de citar a presidente da República) no mínimo se equipararem aos de Dilma Rousseff quanto às pedaladas e seus cargos públicos serem inversamente proporcionais às suas responsabilidades de gestão.

Como o comportamento dos diversos grupos de apoio a Dilma Rousseff é sempre mais significativo quando se opõe a alguém – não resta dúvidas que na oposição eles brilham muito mais – conseguiram aos poucos tirar a presidente da República do foco dos mais graves problemas do país, substituindo-a pela figura de Cunha.

Se em fins de outubro, começo de novembro podia-se apostar no impeachment de Dilma Rousseff, hoje a situação é completamente oposta: quem está na berlinda é Eduardo Cunha, graças a todo um movimento de forças que blindou a presidente da República e expôs o presidente da Câmara Federal a um julgamento público no mínimo equivocado, não no que diz respeito às suas culpas, mas no que tange ao grau de prejuízos à nação por eles proporcionados.

Se Eduardo Cunha está hoje à beira do precipício, bastando um leve sopro para cair, o contrário ocorre com Dilma Rousseff, que de forma digamos inesperada sai ainda mais fortalecida dessa grave crise por ela e seus ministros iniciada.

Vale agora a torcida para que este período de interrupção na refrega política possibilite animar a cadeia produtiva e aqui incluímos todo o empresariado, para que retome o protagonismo das boas notícias em nosso país, atingindo em consequência seus mais diretos colaboradores e a população em geral.

A chegada desse estado de coisas poderá ser facilitada pela renúncia do ministro Levy, não só um peixe fora d’água nesse governo que ainda lê Marx sem sequer entendê-lo, como também uma figura de personalidade inadequada para segurar a onda do momento em que vivemos. Suas cansativas queixas, do tipo “a arrecadação está caindo”, desnorteavam até os menos esclarecidos da população, pois como esperar arrecadação em alta com o país vivendo e vendo rapidamente aumentar uma crise econômica como há muito não sentíamos?

É necessário também que Dilma Rousseff se isole por uma boa temporada dos pavios curtos que a cercam e de alguns ditos pais da pátria, que no fundo mais atrapalham do que ajudam.
Se ela é a pessoa que diz ser, que assuma a sua condição de presidente da República de um governo verdadeiramente presidencialista.

Foi para isso que as urnas a escolheram.

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Difícil de se ver e por isso mesmo merece palmas quando acontece, o Grupo Abril reforça-se com o aporte de R$ 450 milhões que a família Civita injetará no seu caixa.

No comunicado ao público que o Grupo divulgou no último dia 14, ficam claros os objetivos e já alguns resultados dessa decisão de uma família que tem tradição mais do que respeitada no ramo editorial brasileiro: “O aporte permitirá uma redução efetiva do endividamento, fazendo com que o Grupo encerre 2015 com equilíbrio em suas finanças, fortalecendo-se para 2016”.

Atitude exemplar, que merece aplausos, reconhecimento e apoio de todo o mercado, em um país onde tem sido mais fácil vender no prejuízo, deixando para o futuro comprador resolver as pendências, o que nem sempre ocorre da forma mais adequada.

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Lamentável a decisão da juíza de Direito da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo (SP), suspendendo por 48 horas as atividades do aplicativo WhatsApp em todo o território nacional. Motivo: o descumprimento de uma solicitação judicial solicitando informações sobre usuários da rede que trocavam informações sobre ações criminosas.

Tendo em vista que o Facebook, responsável pelo aplicativo, não atendeu à solicitação, foi-se à medida extrema da suspensão dos serviços do mesmo por 48 horas, felizmente abortada ainda no primeiro dia desse período de quarentena, por decisão de um superior hierárquico (desembargador) que rapidamente vislumbrou a desproporção entre a suspensão do aplicativo e o dano causado a mais de 100 milhões de pessoas com a decisão de 1ª Instância.

Não é difícil supor na decisão revogada, uma certa dose de arbitrariedade, como tem sido comum em nossos dias por parte de um contingente – felizmente ainda pequeno – de representantes do poder público.

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Um bom presente de Natal para o seu filho, se você, leitor, quiser que ele venha a ler o PROPMARK como você faz como bom interessado na comunicação do marketing, é o livro Teoria, Técnica e Prática da Propaganda, em sua 9ª edição recém-lançada, de autoria de Armando Sant’Anna, Ismael Rocha Júnior e Luiz Fernando Dabul Garcia.

A obra recria o clássico do primeiro acima nominado, atualizando-o aos dias de hoje, com capítulo especial sobre a publicidade digital e seus vários recursos.

Cumpre ressaltar quem apresenta a edição de nº 9 da obra ao novo leitor (ou aos anteriores que procuram se atualizar): Luiz Lara, sócio e chairman da Lew’Lara/TBWA e conselheiro da ESPM.

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O movimento pendular da História: Já tem gente torcendo aqui no Brasil para o ano não acabar, contrariando o que se desejou até muito recentemente. E não se trata apenas do espírito natalino.

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência