O amor que une

 

Falar de separação justo no Natal, uma época em que todo mundo fala de união? Que absurdo!

“Absurdo nada”, diria a protagonista do filme Teatrinho, que criamos para o Boticário: uma menina de 5 anos que fala do divórcio de seus pais com doçura, naturalidade e otimismo.

Já não é de hoje que a marca e a AlmapBBDO retratam famílias e relações que são mais próximas da vida real que dos antigos clichês. Já pusemos no ar um Dia dos Namorados com casais homoafetivos, Dia dos Pais com filhos adotivos e já produzimos noivas para estarem lindas em seus divórcios, entre outros casos. Mas o foco é na ideia, é ter uma boa história para contar. E, voltando ao caso específico do Natal, que seja uma história bonita. Isso está no job todo ano. Desta vez, um detalhe a mais: o briefing falava algo sobre o olhar da criança. Sobre aproveitarmos essa data tão mágica para voltar a ver a vida com a pureza que as crianças a veem.

Adoraria dizer que logo de cara resolvemos o job com a ideia do Teatrinho (minha mulher e minha filha também, pois assim eu não teria chegado tarde em casa tantas noites). Mas ocorre que o filme de Natal é a estrela do nosso calendário, é o job que todo mundo que cria para O Boticário quer fazer. E, junto com a oportunidade, vem uma grande responsabilidade. Ralamos um bom período, passando por muitas ideias, até chegar a esta campanha e às outras, que obviamente também foram apresentadas para o cliente.

Aprovado o roteiro, fomos atrás do diretor ideal para contar essa história, chegando ao nome do Claudio Borrelli, que dispensa apresentações. E, para a emocionante trilha, chamamos o reforço do maestro Hilton Raw. Se a escolha deles foi fácil, não dá para dizer o mesmo sobre o ponto-chave dessa produção: encontrar nossa pequenina atriz principal.

A missão era complicada: ela não podia ser muito novinha a ponto de não conseguir dizer o texto com clareza, mas também não podia ser uma menina mais crescida (estou falando de 7, 8 anos de idade), pois percebemos nos testes que estas já atuavam demais, portavam-se como adultinhas, e isso comprometia a inocência que buscávamos para a personagem. Uma única criança, entre dezenas, chegou lá: a doce e carismática Bianca, de apenas 5 anos.

Uma outra curiosidade de bastidor: a casa onde o filme se passa não é real. É tudo cenográfico. E esta decisão ocorreu justamente por se tratar de um filme com uma criança, pois não queríamos que ela trabalhasse à noite. Filmando em estúdio, tínhamos total controle da luz exterior, permitindo que a Bianca só filmasse de dia, mas o público acreditasse que estávamos em plena noite de Natal.

Foram dois dias de filmagem, em Curitiba. Depois, mais uns 10 dias de trabalho em São Paulo até chegarmos às montagens ideais de 60 e 30 segundos. O filme está cumprindo seu papel, tocou muita gente já nas filmagens – acredite: há mais choro de verdade do que acting dos atores – e tem emocionado bastante o público.

Não faz muito tempo, um divórcio era considerado absurdo, sim. Um filme de Natal sobre isso era inimaginável.

São muitos feedbacks que chegam até nós, pelos mais diferentes canais. “Lindo” e “emocionante” são os adjetivos que mais temos lido. “Absurdo”, praticamente não apareceu.