O anel do papa
Cento e 13 monges, freiras e paroquianos, depois de saudados pelo papa Francisco, postaram-se em fila para a tradicional cerimônia do beija anel. Começa a beijação do anel.
Em 10 minutos a fila andou exatos 41 beijoqueiros. Beijaram a mão e o anel. Como é da tradição.
No 42º, por razões até então não explicadas e nem devidamente esclarecidas, Francisco evitou que as pessoas persistissem no gesto e abreviou a cerimônia.
Não permitiu mais que a sequência de beija anel continuasse.
Comentários de toda a ordem. A ala mais conservadora da Igreja esbravejou: “Se não quer ser vigário de Cristo, então saia”.
Já os que o apoiam lembram que sucessivas e incansáveis vezes Francisco repete:
“O papa, os bispos e os padres não são príncipes, mas servidores do povo de Deus…”.
O anel de Francisco e dos papas, mais conhecido como Anel do Pescador, é de ouro, único e destruído quando o papa morre.
E tudo continuaria na faixa especulativa promovendo discussões e xingamentos não fosse o papa Francisco esclarecer… nem um nem outro…
Amigos, chega de especulações: “Só fiz isso por uma questão de higiene… para evitar a difusão de germes…”, ou, em outras palavras, os germes que frequentam os anéis, pulseiras e colares de todos os demais mortais têm, no mínimo, igual apreço pelo anel do papa, muito especialmente pela recorrência dos beijadores…”. Ou para os que não sossegam e andam atrás de alguma coisa para falar, nem mesmo o papa os germes respeitam… E fez-se a paz.
Esse é o mundo que vivemos. Tudo o que fazemos, impacta a maneira como somos percebidos, reconhecidos, reputados.
Que se sintetiza no que denominamos hoje de “a nossa marca”. O que as pessoas acham de nós.
Todos os nossos movimentos, sorrisos, piscar de olhos, mover de mãos, caminhar, respirar com maior ou menor intensidade, além do que escrevemos, falamos, sinalizamos, integram, naturalmente, nosso processo de branding.
E que é, em termos de emissão de sinais e códigos de comunicação, o que verdadeiramente conta. E que nos possibilita caminhar com maior facilidade, segurança e rapidez pela vida…
Ou, se não tivermos uma boa marca, nos deparamos permanentemente com obstáculos e dificuldades.
Assim, o mais definitivo e inexpugnável axioma de nossas vidas, de empresas, produtos e pessoas, é: a marca não é uma das mais importantes propriedades de empresas, produtos e pessoas; é a única.
Por essa razão, sempre, cada um de nós cuidando de nossas marcas com o maior rigor e sensibilidade possível.
Quanto a Francisco, vamos deixá-lo em paz com seus infinitos desafios, não permitindo mais que os fiéis beijem seu anel e se contaminem.
Anel que contamina Chico contamina Francisco.
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)