‘O D&AD sempre teve um olhar muito receptivo para a forma, o craft’
Nicole Godoy, head de produção da VMLY&R, é uma das brasileiras presentes no júri deste ano do festival, na categoria de Press & Outdoor
Entre os próximos dias 8 e 10, ocorre o encontro presencial dos jurados do D&AD Awards, bem como palestras, exposições de peças, entre outras atividades do festival, em Londres, cujo resultado final será divulgado na cerimônia de premiação, em 24 e 25 de maio. Head de produção da VMLY&R, Nicole Godoy está no júri de Press & Outdoor e vai se juntar ao grupo de brasileiros e jurados de outras partes do mundo. Ela conta que analisou quase 700 cases.
Percepções
Nós já finalizamos o júri online, e estamos na expectativa do encontro presencial, em Londres. Eu fiquei muito encantada com o nível do trabalho. O D&AD sempre teve um olhar muito receptivo para a forma, o craft, uma publicidade muito elegante. E isso é algo que me inspira bastante, e foi algo que consegui comprovar sendo jurada.
Trabalhos avaliados
Esta é uma categoria que retomou com força no pós-pandemia. As pessoas ficaram fechadas em casa, por dois anos, e houve certa saturação pelo estímulo exclusivamente digital. E, quando a vida voltou às ruas, abriram-se oportunidades para trabalhos em outdoor. Eu sinto que os trabalhos analisados têm uma mensagem de impacto imediato, que traz interação com o espaço ou com a forma das peças em si. Foi o que eu vi com mais frequência, e foram os trabalhos que mais me chamaram a atenção pela criatividade, inovação e adequação. Isso é uma tendência, mas existe uma diferença dentro de cada contexto do país, da cultura, e até de regra urbana. Mas eu senti mensagens que provocam interação com o público.
OOH no Brasil
O Brasil é um mercado que ganhou uma nova relevância, está sendo muito explorado pelo entretenimento, além de ter trazido marcas que foram nativas digitais e acabaram indo para o OOH como forma de complementaridade.
Barreiras para vencer
Do nosso lado, de produção – e até vendo os trabalhos de fora –, eu acho que colocamos pouca energia criativa, e investimentos em produção originalmente pensadas para o out of home. Trabalhamos muito com a adequação das campanhas para este meio, e, em muitos casos, ainda tratam como um desdobramento. Fica a sensação de que ainda não estamos explorando ao máximo o potencial que esse formato tem, justamente por estar na vitrine do espaço urbano e por permitir a interação direta com o público que está transitando pela cidade. Do ponto de vista de produção, o desafio é que o sistema e os processos permitam um pouco mais de oportunidade criativa de craft de produção no meio. Mas isso está evoluindo.