O desejo das produtoras de vídeo e som para 2023

Inclusão e práticas sustentáveis nas produções estão entre os pedidos dos executivos para o ano

Após um 2022 agitado, com eleições e Copa do Mundo, as produtoras de vídeo e de som têm a expectativa de que, em 2023, os incentivos para o audiovisual façam com que as máquinas voltem a rodar junto das novas oportunidades para o setor.

Além disso, os executivos também esperam que o mercado adote cada vez mais práticas sustentáveis e de inclusão em seus trabalhos. Veja a seguir alguns dos depoimentos e impressões de líderes de algumas produtoras do setor – leia a versão completa aqui.

"Com a consolidação do 5G e a expansão da malha de fibra ótica brasileira, os serviços de streaming ganham ainda mais força para desbancar a TV linear. São mais de 60 serviços disponíveis, o que pode representar um desafio ao planejamento de investimento de mídia, mas também oportunidades. O podcast terá ainda mais destaque no mercado Brasil, líder mundial no formato segundo pesquisa global da GWI (Q1 2022). Sua relevância e penetração ficou evidente na reta final das eleições, quando o podcast foi uma das principais plataformas de mídia utilizadas pelos candidatos para se conectar com o público" — Marcos Chehab, sócio e CEO da Pod360
"A retomada da agenda estatal de incentivo à produção audiovisual provavelmente criará ainda mais dificuldades para os produtores de conteúdos comerciais, dada a absorção de uma mão de obra não ilimitada e cada vez mais organizada. Se os preços conseguissem acompanhar esses movimentos proporcionalmente, seria algo a se celebrar, todos juntos. Só que não. O crescimento da economia poderia compensar esses apertos, criando mais demanda por quantidades e qualidades, convidando as marcas à disputa não apenas pelo bolso, mas também pelo coração dos consumidores” — André Pinho, head de publicidade da MyMama Entertainment
“Ao falarmos em ‘Perspectivas para 2023’, temos todas as indefinições e variáveis possíveis para errar na mosca, mas precisamos apontar a bússola mesmo com um ímã embaixo dela, levantar as velas e acreditar nos ventos. Agora a navegação não é mais à vela, é pelo Waze, Google Maps, GPS, Glonass... E a informação vem por 5G, Star link. Hoje as decisões são dadas pelas análises instantâneas que podem fazer você mudar a trajetória daqui a pouco. G-Z, posicionamento de gênero e empoderamento ganham importância. Sou um otimista e vou sempre acreditar que o ano será fantástico e melhor que o anterior” — James Feeler, CEO e Produtor Musical da Jamute Áudio
“A minha expectativa em relação ao mercado em 2023 é que seja um ano positivo e com bastante impacto e espaço para a comunicação, criação de conteúdo que vai estar mais em alta do que nunca e para a propaganda. O consumo popular deve aumentar com o novo governo apesar de todas as dificuldades e isso impacta diretamente, abrindo espaço para a comunicação tanto off-line como digital. E espero principalmente que voltemos ao mínimo de normalidade institucional” — Hilton Raw, sócio e fundador da Raw Audio
“2023 surge com uma dose de instabilidade e possibilidades diversas. Acredito que novas modalidades de exibições das peças publicitárias ainda surgirão, porém podemos já apontar algumas tendências. A estratégia acompanhará a diversificação dos modelos de comunicação que vem sendo impactados pelos novos hábitos de consumo. Com a economia ainda instável e os streamings aumentando seus valores, a tendência é que os usuários por assinatura, versão SVOD diminuam ainda mais ficando assim mais receptivos ao formato AVOD que trarão preços mais acessíveis. Recursos como Pause Ads parece que serão bem recebidos” — Bia Ambrogi, presidente da APRO+SOM
“2023 se mostra um ano incerto. No Brasil, além da mudança de governo, temos todos os desafios econômicos. Ainda assim, acredito que será positivo para o mercado, podendo desenvolver sua criatividade e serviços para as diversas plataformas. No conteúdo, os streamings seguem com força total no mercado nacional, retomada dos investimentos públicos via leis de incentivo. Na publicidade, temos esse novo leque de possibilidade de veiculação de campanhas nas TVs conectadas. Para o setor como um todo, a missão segue a mesma: continuar criando narrativas que se conectem com a audiência” — Marianna Souza, presidente-executiva da APRO
“Em 2023 acreditamos que haja uma intersecção ainda maior entre o storytelling e o storydoing, deixando a comunicação ainda mais autêntica. Os desafios continuarão, mas a realização de trabalhos e a procura por parceiros que estejam em harmonia com os nossos valores e propósitos estarão mais evidentes. Na Stink, essa conjunção se dará numa perspectiva cada vez mais macro e presente no nosso dia a dia, buscando o equilíbrio entre retorno financeiro, transparência, interesse social e meio ambiente, com tudo isso virando combustível para um craft atrelado ao que acreditamos como empresa” — Carolina Junqueira, Sênior Executive Producer da Stink Films
“As mudanças no cenário político brasileiro provocam incertezas para 2023 em todos os mercados, não só no audiovisual. Ainda assim, há grandes expectativas para as áreas de entretenimento e cultura. A nossa indústria mostra-se bastante otimista quanto ao desenvolvimento destes setores. É necessário considerar que a nova gestão política requer tempo para atingir alguma estabilidade. Olhando para o mercado de trabalho, vemos grande procura por profissionais especializados. Falta mão de obra e a demanda internacional pela animação brasileira só cresce” — Alberto Lopes, sócio e produtor executivo da Vetor Zero
“O ano de 2023 tem tudo para ser um ciclo incrível para o audiovisual brasileiro. Se até agora tínhamos um receio enorme de ainda mais cortes nos já quase nulos investimentos em cultura, passamos a ter uma nova esperança de incentivo e apoio com o governo atual – o que impulsiona o consumo não só dos conteúdos, mas também das marcas que sabem se envolver nessa estratégia. Da mesma forma, o retorno dos eventos, a digitalização do OOH e o boom da influência têm trazido grandes oportunidades para a produção de vídeos, que certamente terão um peso significativo em verbas e volume para este novo ano” — Rafael Nasser, CEO da Hogarth Brasil
“2023 começa logo depois de um final de ano muito intenso. O fato de a pandemia estar menos descontrolada dá um ânimo que não tínhamos há três anos e, junto, vem a mudança política. Nossas perspectivas, por conta do trabalho de 2022, ainda são de expansão. Ao mesmo tempo, enxergamos os ajustes econômicos dos nossos clientes, por causas internas e externas, que devem conter o aumento da demanda de produções. Para 2023, apostamos na produção de projetos para várias plataformas simultaneamente – em mídias e formatos. Esta é uma expertise que segue de grande valor” — Daniel Soro, sócio e diretor de cena da Piloto
“2022 era para ser um ano teoricamente difícil, com eleições e Copa do Mundo. Mesmo assim, foi um ano muito bom para a Corazon. E 2023 tem tudo para superar 2022, seguindo esse crescimento interno e do mercado como um todo, com produções maiores, marcas e clientes investindo mais em publicidade. Além disso, acredito que, com a mudança de governo, teremos um aumento significativo nas produções audiovisuais ligadas ao entretenimento – o que será positivo para os anunciantes, para as produtoras e, principalmente, para o público” — Igor Ferreira, sócio e diretor executivo da Corazon Filmes
“Há anos vemos percebendo que o áudio na publicidade não pode ser mais baseado só em trilhas incríveis. Com o avanço de tecnologias, novas plataformas e novos pontos de contato com a audiência, é preciso levar criatividade e qualidade de produção a um novo nível. Com o retorno das experiências físicas, digitalização acelerada e boom do entretenimento, atuar de forma colaborativa e atualizada às novas soluções será fundamental. E se Copa e Eleições criaram instabilidade no fim do ano, este início de 2023 tem tudo para alavancar o mercado de produção e, por consequência, os resultados dos clientes” — Paulinho Corcione, sócio e diretor artístico da Lucha Libre Audio
“Sou sempre otimista e acredito que 2023 será de retomada mais forte após o fim da Pandemia. Estamos muito animados, motivados e vivendo uma constante evolução do áudio no Mundo, com novos formatos e necessidades de experiências diferentes. Mas nada disso serve se não houver um tratamento especial para cada produção na criação, que é o grande diferencial do nosso mercado. Não vendemos só música, mas sim imersão, experiência, consultoria, craft e, claro, muita dedicação e pontualidade de uma equipe comprometida. Hoje só qualidade não faz a diferença. Isso é o mínimo que você precisa entregar” — Henrique Tanji, fundador e CEO da Ritmika Audio Arts
“2022 nos fez despertar para as mudanças e houve a ampla reabertura do mercado pós-pandêmico, que nos indica um pouco sobre os novos caminhos que serão trilhados em 2023: a transformação no processo de produção, orçamentação, gestão de equipes e processo criativo nos mostra que nosso DNA de conteúdo será colocado à prova. Nossa energia criativa deverá ser canalizada para que a relevância das produções e contribuições no processo de produção sejam reconhecidas pelo mercado. Os novos e promissores cenários político e econômico que se abrem para 2023 deverão tirar todos da zona de conforto” — Tatiana Ornellas, Account Executive da S de Samba
“O ano de 2022 foi muito importante para a Produka Filmes. Além disso, o mercado vem se mostrando cada vez mais aquecido. Este 2023 promete. Portanto, seguiremos apostando em nosso formato, um pouco diferente do tradicional, com um drive criativo voltado para privilegiar a ideia, novas linguagens e formatos, sempre com foco na conexão entre a marca e o consumidor. Estamos de olho no comportamento do mercado, em que as mudanças são constantes, prontos para ajustar a nossa rota em busca de um ano ainda melhor” — Anderson Lima, CEO da Produka Filmes
“Janeiro mal começou e o mercado já mostra sinais de que é possível esperar um bom 2023. O afastamento da pandemia, as altas taxas de vacinação atrelado à previsão de crescimento do PIB reforçam uma tendência de incentivo ao consumo, principalmente de modelos online dentro da publicidade, como podcasts e games. Após a necessidade de nos reinventar e a retomada dos trabalhos presenciais, percebo um sentimento de autorreflexão em relação aos processos e entendo que essa pauta será ponto central entre o relacionamento de produtora, agência e cliente” — Valentina Baisch, produtora executiva Landia
“Nós estamos bem positivos em relação ao audiovisual em 2023. Com esse terceiro mandato do presidente Lula, há grandes expectativas perante as leis de incentivo, especialmente no setor de entretenimento. Outro aspecto positivo é que o câmbio do dólar nos coloca em um lugar interessante como potência de produção para filmes internacionais rodados aqui. Há ainda um aumento significativo de diretores brasileiros representados em produtoras estrangeiras. E sentimos que os clientes estão apostando no mercado, contando cada vez mais com a propaganda para venderem seus produtos” — Karin Nantes, sócia e produtora executiva da Untitled
"É difícil prever o que vai acontecer num mercado que vive em constante mutação. Mas sinto que caminhamos para um sentido de aprimoramento de projetos baseados em novas tecnologias como inteligência artificial, games, metaverso e NFTs. Essas ferramentas abrem espaço para aspectos da criatividade, mudam a forma de consumir conteúdo, sobretudo entretenimento e publicidade. Entretanto, acessar o metaverso pode ser "caro", pois depende de aparelhos tecnológicos e/ou conexão de internet, logo é uma tendência interessante, mas que só pode ser democrática a todos, se o mundo também for" — Thatiane Almeida, diretora de cena da produtora MAGMA
“2023 será o ano de criar experiências personalizadas, laços genuínos e estabelecer fidelidade dos consumidores com as marcas. A propaganda irá além do que comunicamos nas mídias conhecidas e será avaliada também pelos seus propósitos. O mercado publicitário deve olhar para o meio ambiente, bem-estar da cadeia produtiva, diversidade e inclusão. No campo da política, há uma expectativa que o novo governo ajude a retomar o crescimento das produções nacionais, beneficiando toda cadeia produtiva. 2023 certamente trará novos ares e estamos confiantes” — Luciana Mattar, diretora executiva e Tathiana Pires, produtora executiva da Delicatessen Filmes
"Depois de um último trimestre bem atípico, a expectativa é que o mercado volte a bater em compasso mais ritmado em 2023. Estamos otimistas quando olhamos para o audiovisual brasileiro e a área da cultura no geral. O próximo ano deve demandar o desenvolvimento de ideias que respondam aos anseios da sociedade e, consequentemente, do mercado de comunicação. Por isso nosso grande desafio será criar, desenvolver, viabilizar e executar projetos de impacto coletivo baseados em uma tensão social/planetária urgente" — José Brites, diretor executivo da Ladybird
"Com o desenvolvimento da tecnologia, é sempre importante estar atento diariamente ao que está acontecendo no mundo virtual e cotidiano. As marcas estão entendendo esse movimento e cada vez mais demandando entregas que conversem com essas linguagens e a publicidade precisa caminhar de mãos dadas com toda essa nova dinâmica para não ficar engessada. Sobre a economia, estamos saindo de uma temporada conturbada de Copa, eleição, em que as atenções e os investimentos ficaram voltadas para isso. Vai ser um início de ano mais desafiador para que tudo possa começar a caminhar com mais tranquilidade e segurança" — Tatiana Braga, head of business & sales da Underdogs.
"O ano de 2023 seguirá sendo desafiador. Há uma recessão mundial em curso e dificilmente vamos escapar de seus impactos. Seguiremos lidando com as necessidades de fazer mais com menos, de aproveitar oportunidades e de ter muita resiliência. Ao mesmo tempo, tenho uma forte expectativa de vermos uma renovação criativa em nosso mercado. Os últimos anos foram de poucas ideias, pouca liberdade imaginativa e baixa qualidade de produção. Espero que possamos reencontrar a irreverência da propaganda brasileira, inovada por diferentes pontos de vista e permeada por boas ideias. É hora de abrir a cabeça" — Pity Lieutaud, head executive producer da Iconoclast
"Os últimos três anos foram instáveis, cheios de incertezas econômicas e adaptações do mercado publicitário. Para mim, 2023 ainda será um ano economicamente difícil, de readaptação e desafios políticos. Falando especificamente da publicidade, entramos no novo ano entendendo muito do que mudou e com o desafio de achar uma maneira de trabalho que consiga atender a demanda das agências e clientes, mas que seja respeitosa e dentro de uma forma de trabalho saudável. No fim, nosso trabalho é basicamente sobre pessoas, sejam e las do cliente, da agência ou da produtora” — Ana Chrysostomo, produtora executiva da Pródigo