O Dia muda modelo de governança corporativa
O jornal O Dia está revendo seu modelo de gestão. Deixa administração familiar e retoma processo de ter executivos de mercado na liderança executiva da sua operação. Assim sendo, Gigi Carvalho, herdeira do jornalista e empresário Ary Carvalho, morto há sete anos, passa para o conselho de administração e o diretor financeiro Ronaldo Carneiro passa a presidir o diário carioca que está circulando com 60 mil exemplares diários em média e teve faturamento em 2009 de aproximadamente R$ 200 milhões, com lucro e Ebtida positivos. Em janeiro do ano passado a média de circulação era de 100 mil exemplares. Em fevereiro caiu para 92 mil, em março para 82 mil e em junho para 70 mil. A maior queda, de 42,65%, foi no último mês de outubro, com 58 mil exemplares.
Carneiro nomeou um comitê executivo formado pelo diretor comercial Paulo Fraga, pelo diretor de redação Alexandre Freeland e por Carlos Alberto Quinto da Silva, que vem do conselho fiscal. Na primeira reunião foi colocada em pauta a ideia de buscar parcerias e investimentos em tecnologia.
Retomar a maneira de gerir o negócio como nos tempos de Ary Carvalho é uma saída para consolidar o planejamento de 2010, que prevê crescimento de 7%, inclusive na área de publicidade – que registrou queda de 8% nas vendas no ano passado. O executivo Walter Mattos Jr., controlador do Lance!, dirigiu O Dia nos tempos de Carvalho, época que o matutino ganhou novo design e parque gráfico moderno. Depois, com Fernando Portella, manteve ritmo de crescimento e de investimentos. Mattos, apesar de ser casado na época com Gigi, não ficou marcado como gestor de tom familiar. Ele foi o executor da transição de um título conhecido por “espreme que sai sangue”.
“Quando o Dr. Ary faleceu, não havia plano sucessório claro. As irmãs assumiram, mas não conseguiram manter o ritmo do jornal. Essa mudança é um sinal positivo. O Dia é um título tradicional e sua solidez garante concorrência ao mercado do Rio de Janeiro. As herdeiras definem uma linha de ação e cobram dos executivos a geração de lucro”, disse uma fonte ligada ao assunto, que acredita que o título pode estar à venda. “Não seria uma surpresa”, acrescentou.
Gigi assumiu o comando de O Dia em setembro de 2003 para substituir irmã Ariane Carvalho. A outra irmã, Eliane Carvalho, não atuou na empresa. Todas tem participação de 33,33%. A área editorial também tem o título Meia Hora.
Paulo Macedo