"O digital não vai substituir a mídia impressa", afirma Earl J. Wilkinson
O INMA (International News Media Association) realiza, nesta terça-feira (23) e quarta-feira (24), a Conferência Internacional INMA 2016, onde reúne ideias inspiradoras dos principais grupos de mídia do mundo para acelerar o crescimento da receita e audiência na era digital. “O objetivo do INMA é ser uma janela para o mundo, compartilhar ideias, identificar oportunidades, antecipar tendências e inspirar mudanças”, afirma Marcelo Benez, presidente da INMA Brasil e diretor executivo comercial da Folha de S.Paulo.
Earl J. Wilkinson, diretor executivo e CEO do INMA
Earl J. Wilkinson, diretor executivo e CEO da INMA, abriu a tarde de palestras e trouxe algumas tendências ao redor do globo vivenciadas pelos grandes jornais. O executivo conhece a maior parte dos maiores grupos de mídia e mostrou um panorama sobre o mundo atual.
“Uma das coisas que eu tento fazer é trazer as maiores tendências seguidas pelas maiores capitais ao redor do globo. A mídia impressa mudou dramaticamente. Se você perguntar quem te inspira nesta sala, as respostas podem ser The New York Times, The Guardian… Mas, quem inspira esses títulos? Em minhas viagens pude perceber que eles estão de olho nessas empresas de mídia digitais que estão aparecendo e crescendo”, diz.
Wilkinson destacou algumas “chaves” para o sucesso. O jornalismo precisa ter atitude, escavar ferozmente o conteúdo do seu público-alvo. Além disso, jovens e adultos, moradores das cidades, são grandes consumidores. O analytics é parte fundamental da cultura corporativa e a propaganda precisa ser arrojada e sutil. O mobile deve vir antes, depois disso deve-se pensar no desktop e no tablet.
“Algumas novas verdades precisam confrontar a sua companhia. A primeira é que o digital não vai substituir a publicidade impressa. As receitas não-mídia não vão se desenvolver rapidamente. É preciso reduzir os assuntos para ganhar tempo ou então criar capital para o digital. Grandes talentos importam no centro das mudanças, menos nas periferias”, afirma Wilkinson.
O contexto de mídia hoje mostra crescimento na produção da informação, que vai triplicar os próximos quatro anos. Terá ainda mais divisão do tempo entre os meios de comunicação (constante aumento) e as redes sociais (rápido crescimento). Wilkinson afirma que a conexão mobile vai crescer 110% em dois anos, com aumento de 33% nas conexões móveis.
“O que nós sabemos em 2016 é que os mistérios da mídia digital estão sendo revelados. Os valores de mídia estão mais claros. É preciso fazer o seu legado ou escolhas digitais. Tenha amplitude ou profundidade. Saiba se você é multicanal ou omnichannel. Por outro lado, um roteiro para 2016 pode ser aprofunde mais, amplie menos. Priorize os ‘add-ons’, adquira talento e gestão, crie uma infraestrutura cultural, execute conteúdo e vendas estratégicas e procure ter sucesso na execução mais do que na estratégia”, afirma.
Os paywalls, quando o conteúdo online é restrito, também foi citado pelo executivo. “Existe valor quando o conteúdo é relevante em um meio ambiente escasso. As notícias gerais não têm valor comercial e o paywall vai morrer se não tiver um novo valor sendo adicionado a todo momento. Onde os paywalls têm sucesso, de 5 a 20 artigos são liberados. Marcas de qualidade usam os paywalls, mas tablóides populares preferem os modelos de livre acesso”, explica.
Nos Estados Unidos, um gráfico apresentado por Wilkinson mostra que 56% da leitura de jornal é feita no impresso, enquanto 11% se divide entre impresso e web; outra parcela de 11% mistura impresso, web e mobile; 5% impresso e mobile; 6% apenas web e 7% web e mobile; e 4% fica com o mobile.
Outra pesquisa mostrada por ele aponta que a maior parte do tempo gasto com mídia em 2017 será com mobile, seguido por TV, online, rádio e jornais impressos. Ele também ressaltou que o uso de aplicativos mobile são maiores do que os sites mobile, apesar de 84% dos usuários usarem apenas quatro apps em seus dispositivos. O futuro do mobile, assim, está em um rápido crescimento dos aplicativos de envio de mensagens (como Messenger e WhatsApp). Os aplicativos on-demand para os serviços estarão em alta também. As notícias mobile devem ter alto fluxo de informações e curadoria.