O espaço urbano como plataforma de comunicação no pós-pandemia
Nos últimos três meses, parte dos brasileiros se recolheram em suas casas como forma de conter a disseminação da pandemia da Covid-19, e consequentemente, veio a queda na circulação nas cidades. Com a flexibilização da quarentena e as expectativas para a abertura total dos estabelecimentos, a população deve voltar a ocupar os espaços urbanos, abrindo oportunidades para marcas se conectarem com mais relevância com as pessoas.
Durante o segundo dia do All In At Home – The Experience Goes On, nesta quarta-feira (24), o jornalista Raul Juste Lores, editor da revista Veja São Paulo, trouxe insights do Brasil e exterior sobre como o espaço urbano pode ser melhor aproveitado como plataforma de comunicação.
O circuito de lives discute até a próxima quinta-feira (25) as principais tendências do comportamento do consumidor no pós-pandemia e qual é o papel das experiências ao vivo neste contexto. “Assim que puderem, as pessoas vão voltar para as ruas e aproveitar os espaços públicos. Elas estão com fome dessa experiência”, destacou o jornalista e autor do livro “São Paulo nas alturas”, sobre prédios históricos na capital paulista.
Lores destacou que a Covid-19 escancarou um problema latente de infraestrutura nas cidades, e como a organização dos espaços públicos não contribui para que a população desfrute as ruas e tenha uma vida mais saudável. “Desperdiçamos oportunidades recentes de melhorar as cidades, como nas Olimpíadas e na Copa do Mundo. Quem sabe agora não pensamos melhor no assunto?”, provocou.
Trazendo exemplos de grandes metrópoles que ressignificaram seu espaço urbano com apoio de marcas, como Seul, na Coreia do Sul, e Barcelona, na Espanha, o jornalista fez um paralelo do que pode ser feito também no Brasil. Na cidade espanhola, por exemplo, a revitalização do famoso Hospital da Santa Cruz e São Paulo, inscrito como Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, foi feita pela marca Chandon em parceria com a prefeitura local.
Segundo o jornalista, aliar turismo, entretenimento e cultura são ferramentas importantes para marcas que buscam ressignificar seu valor utilizando os espaços públicos como plataforma de comunicação. Citando construções subaproveitadas na capital paulista, Lores chama atenção que para encontrar oportunidades relevantes de aliar marcas a projetos urbanos é preciso conhecer a cidade. E isso exige dos profissionais de marketing que circulem a pé e façam o exercício de desbravar, de ir além do quarteirão de suas casas ou do trabalho.
“Para valorizar a cidade é preciso conhecê-la”, pontuou Lores, citando o Mercado de Pirituba, na zona Norte, como exemplo. “Ele está em um estado ruim de conservação, o espaço foi alugado pela rede Extra. Tem uma área grande ao redor que poderia ser um parque, por exemplo. Você imagina todo o potencial da construção”. Já a antiga loja Mesbla Veículos, no Cambuci, que nos anos 1940 vendia até mesmo carros importados e embarcações, hoje está semiabandonada. O local foi locado por uma igreja pentecostal que utiliza o espaço como garagem para ônibus fretados.
O jornalista encerrou a participação fazendo uma provocação ao público: “São Paulo é uma metrópole com 20 milhões de habitantes. A gente gosta de bons restaurantes, espaços culturais e outras formas de entretenimento. Não queremos o tédio. Mas toda essa diversão está ameaçada. Como podemos repensar essa cidade? Atrair energia e recursos para ela continuar saudável?”.