O que esperar de Cannes?
Quando você estiver lendo este artigo eu já estarei em Cannes, para acompanhar mais um Cannes Lions Festival. Estarei lá mais uma vez representando a Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda). Graças a uma parceria da Fenapro com o Estadão, tenho a missão de cobrir o evento e montar uma apresentação do melhor do festival para compartilhar com publicitários que não estarão em Cannes este ano. Entenda-se o “melhor do festival” por não só os cases mais premiados, mas também um resumo de tendências observadas no meio de um intenso conteúdo gerado ao longo dos oito dias do Cannes Lions Creativity e seus “filhotes” Lions Health, Lions Entertainment e Lions Innovation.
Como já disse aqui mesmo, nesta coluna, estar no festival, para mim, é uma oportunidade ímpar de acompanhar o que há de melhor no mundo em termos de criatividade, expressa nas 24 áreas de premiação, além do conteúdo levado por keynote speakers do mundo inteiro. E tudo isso concentrado em uma semana.
É de tirar o sono, mas é impagável. Como já disse o Estadão em uma campanha sobre o festival, A gente nunca volta igual de Cannes. Este ano teremos mais de 450 palestrantes se apresentando em 18 palcos diferentes. Só os seminários serão 50! Sem falar nas incontáveis atividades paralelas que acontecem por lá.
A exemplo do ano passado, a Fenapro organiza mais um encontro privado dos publicitários brasileiros com o CEO do festival. Desta vez, o encontro será na língua portuguesa, já que o novo diretor-geral do Cannes Lions é o brasileiro José Papa Neto, o Zizo. Além desse encontro – nesta terça-feira (20), às 14h40 -, a Fenapro convida publicitários brasileiros para um encontro agradável, junto à praia: o Happy Hour América Latina. Será um coquetel no Oracle Deck, espaço localizado junto ao Palais.
A Oracle brasileira estará lá para recepcionar os convidados brasileiros e de toda a América Latina. Será nesta quarta-feira (21), das 16h às 19h. Bem, esses são apenas dois eventos no meio de uma programação recheada de coisas boas. Então, o que se espera mais uma vez de Cannes é o dilema para planejar sua programação, sabendo de antemão que se perderá muita coisa interessante, nas “escolhas de Sofia” que somos obrigados a fazer. Em termos de premiação, o festival decidiu dar um tempo na criação de novas áreas. Estava realmente difícil – para não dizer impossível – acompanhar minimamente as shortlists e as premiações, além de todo o conteúdo paralelo. Quanto às tendências, não vejo nada bombástico surgindo.
Depois de um mergulho profundo no universo digital (este, sim, provocou uma revolução), espera-se uma consolidação dos novos conceitos e ferramentas, que surgiram ao longo dos últimos anos. Espera-se também trazer à luz os problemas colaterais de uma nova comunicação, baseada fortemente em dados, mas também na atração capciosa da pós-verdade.
Espera-se que os gigantes Google e Facebook se posicionem a respeito do controle das famigeradas fakenews. A pauta da igualdade de gêneros deverá ainda estar recheada. Mais uma vez teremos grandes estrelas por lá. E não só aquelas do setor de marketing/comunicação. Teremos também grandes atrações do meio artístico.
Só para citar algumas, a cantora Demi Lovato e as atrizes Halle Berry e Helen Lydia Mirren. Mas teremos também a primeira mulher a liderar o FMI, a francesa Christine Lagarde. Cannes Lions é assim: múltiplo e diversificado.
E precisa ser, já que seu rival SXSW – que se notabiliza pela imensa variedade de temas e atrações – tem conquistado cada vez mais participantes brasileiros. Sentimos uma queda de participantes brasileiros nos últimos anos, decorrente da crise econômica. Mas ainda esperamos uma performance destacada dos brazucas por lá.
Nosso Brasil tem estado constantemente entre os três países mais premiados no Cannes Lions (atrás apenas dos EUA e do UK) e esperamos que continue assim. Mas o mais importante de Cannes é mesmo o efeito osmótico que temos ao estar lá. Mesmo que não consigamos acompanhar tudo, respiramos e absorvemos conceitos que só o “ao vivo” pode proporcionar.
Para os que vão, até lá! Para os que ficam, o meu compromisso de dividir o conhecimento por intermédio do Cannes Lions Road Show, que será realizado pós-festival.
Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências
de Propaganda)