O que inspira Alexandre Ravagnani, diretor-executivo de criação da Repense?
Falar o que me inspira e de criatividade é mais extenso do que eu imaginava. Quando comecei a colocar no papel, percebi que meu universo passa por muita coisa. Algumas fazem parte do meu dia a dia e outras que estão lá guardadinhas nas caixinhas e que acabo ativando meio que sem perceber, mas que estão sempre prontas para trazer algum insight. Aqui compartilho minhas caixinhas de maneira muito mais organizada do que realmente ocorre no dia a dia.
A da Arte de tantas coisas. Da arte da Arquitetura. Sem arte não tem inspiração. Quase não percebemos, mas muito do que vemos na publicidade bebe dessa fonte. Mas feliz mesmo foi quando ouvi do meu filho de sete anos numa manhã de domingo: Papai, vamos ao museu?
B de Banksy e seus protestos pelos muros, do incrível ceramista recifense Brennand, do genial Bowie, indo para o futuro com Black Mirror, que talvez seja mais atual do que imaginamos.
C de Casa, fonte de muita inspiração, do Cinema de Truffaut e do ainda atual Jules et Jim, do design minimalista da catalã Camper Shoes. Da tela tão presente em nossas vidas o Celular, e do festival de Cannes, que tantas vezes me recebeu tão bem.
D de David Hockney e seus lindos splashes d’água. D do Design de tudo a nossa volta.
E da incrível Elza Soares, de Escandinávia com suas Embalagens únicas e da concisão que tanto ouvimos: menos é mais.
F da Fotografia de tantos gênios: Bresson, Sebastião Salgado, LaChapelle, grandes mestres das lentes. Da Frida Kahlo, do Fellini, F dos meus Filhos que tanto me ensinam todos os dias e que são o Futuro.
G de Graffiti, da Gastronomia, dos drinks com Gin, que continuam sucesso na certa, do Gaudi, das criações malucas no bonde do Getúlio na Lapa carioca. Para conhecer o trabalho dele, só dar um Google.
H de Helvetica, que desde 1957 continua uma tipologia atual, de Hambúrger, das ruas de Harajuko, o bairro mais louco de Tokyo, de Hackathon, termo que passou a fazer parte da vida dos publicitários.
I de Inhotim e sua loucura tropical, de Ilustração. De Internet e de Interatividade, que estão enfronhadas em nossas vidas.
J da arquitetura de Jean Nouvel, das risadas com Jacques Tati, do brilhantismo do Johnny Depp, do punk com o Joy Division e da Japan House, que deixou nossa Paulista ainda mais legal.
K do K-Pop, o tsunami coreano. Um desses movimentos difíceis de se explicar e que trouxe tantos seguidores.
L da Londres do Lucian Freud, da minha Londres de quando morei por lá, dos Livros que ainda não tive tempo de ler, da Literatura, do Lápis grafite e do traço ácido do Laerte.
M dos Muralistas mexicanos Siqueros, Orozco, Rivera, do MOMA, da Música, seja qual for o gênero, do Marmite no café da manhã, que me faz lembrar dos tempos de Inglaterra, da Moda, que deixa tudo mais bonito e colorido.
N da Natureza e dos fins de semana em busca de mais verde. Das séries da Netflix que nos fazem dormir muito menos.
O do Olhar. Nada vale se não houver uma curadoria, o próprio filtro.
P de Pai. Especialmente do meu, que trouxe para minha vida tanta curiosidade e vontade de desbravar. Do pai das cores, o Pantone, do instantâneo da Polaroid, da explosão do Pollock, da beleza da fruta Pitaya, da aridez da Patagônia e do verde de Paraty e, claro, P de Pessoas. Nada supera uma boa conversa.
Q de Questionar, de não aceitar o status quo.
R de ir pra Rua, do Rock inglês e de ainda ter o prazer em folhear uma Revista.
S de Saramago, da arte do Sushi, da modernidade do SXSW, de sair de lá achando que não conseguiu ver o suficiente.
T de Tóquio com toda sua Tecnologia. Da Tipologia, do Tim Burton, da Tate no Tâmisa, da beleza da comida Tailandesa, das Tatuagens dos meus amigos.
U de visitar a Uniqlo numa cidade grande.
V de Vinho, de Viajar sempre, seja qual for o destino.
W das histórias do Woody Allen com seus diálogos da vida, das páginas da revista Wallpaper que entrega a melhor curadoria.
X da Xuxa, que inspirou por tanto tempo.
Y de Yves Klein e seu azul, que deu nome à cor.
Z de ZZZZZZZZ. Nada como uma boa noite de sono para renovar a inspiração.
Alexandre Ravagnani é diretor-executivo de criação da Repense