O que inspira Bruno Almeida, diretor de criação da Fullpack?
Casei com a publicidade há mais de 10 anos. Confesso que tenho uma vida feliz. Mas dou uma fugidinha com a fotografia de vez em quando.
Numa dessas escapadas fui parar na Namíbia, uma viagem de mais de 2.000 km pelo continente africano com um grupo de fotógrafos. Lá tive a oportunidade de captar paisagens, povos e vida animal. Foram 15 dias inteiros dedicados à fotografia.
A Namíbia é conhecida como Terra dos Bravos. E já no primeiro dia ficaram bravos comigo. Abri uma latinha de cerveja com os novos amigos para comemorar o início da viagem, mas no país é proibido beber na rua. Advertência da polícia e a primeira lição: você está num novo lugar, olhe ao redor e aprenda.
Começamos a viagem pelo deserto. Dormi alguns dias em barraca, curtindo o frio do Namibe.
Mas o deserto me recompensou com suas dunas gigantes ao amanhecer. Subi na segunda maior duna de areia do mundo e me posicionei no topo para aproveitar a golden hour (o momento mágico para fotografar). Clique. Clique. Clique. Em êxtase fui tomado pela beleza da fotografia e me esqueci do dia a dia da publicidade.
No deserto, ainda tive a oportunidade de fotografar outro local espetacular: Deadvlei. Em meio a dunas vermelhas, um vale de solo branco desafia nosso entendimento do mundo. Caminhando entre árvores quase petrificadas de 900 anos, parece que o tempo para e tudo o que resta é a tentativa de captar numa imagem a grandiosidade do local. Impossível.
Margeando a Skeleton Coast, um litoral repleto de restos de navios, fomos em direção ao Etosha National Park. Na entrada, somos recebidos por zebras, girafas, elefantes e o oryx, animal símbolo da Namíbia.
Dentro desse parque existem buracos d’água, locais construídos artificialmente para que os animais se refresquem e possam ser observados com mais facilidade.
É a alegria dos fotógrafos: basta armar o tripé e clicar por horas a fio, até a madrugada. Logo no primeiro dia fomos surpreendidos por uma manada de elefantes que brincou até o cair da noite.
Durante o dia também era possível fazer safári com o nosso bus-truck. Foram horas e horas rodando o parque à procura do rei do parque: o leão. Tivemos alguns encontros e muita paciência para fotografar a beleza desse animal.
Também tive a oportunidade de fotografar duas tribos da Namíbia: os himbas e o povo san. No primeiro, as mulheres cobrem o corpo com uma mistura de gordura de manteiga e um pigmento ocre.
Com isso, se protegem do clima seco e dos insetos. Fazem lindos penteados e belos adornos para o corpo. Mas o que mais me marcou foi o encontro com a segunda etnia.
O povo san, ou bushmen, tem o DNA mais antigo da humanidade. Foram exterminados por anos de colonização europeia e hoje sobrevivem com subsídios do governo, pois são proibidos de caçar para se alimentar.
Caminhamos pelo deserto do Kalahari ouvindo suas histórias e recebendo o conhecimento de como sobreviver na natureza. Um povo simpático, alegre e receptivo, apesar de tudo que sofreram.
Ao cair da noite ainda pudemos acompanhar e fotografar uma cerimônia de cura chamada dança do elefante.
Momento lindo ao redor de uma fogueira, que foi captado pela minha câmera.
Clique. Clique. Clique.
Voltei da Namíbia repleto de conhecimento e com mais de 3 mil imagens.
Era hora de retornar para a minha querida publicidade, mas com o olhar renovado pela minha parceira: a fotografia.
Bruno Almeida é diretor de criação da Fullpack