O que inspira Conrado Cotomácio, diretor de criação da Jüssi?

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“O futuro só existe nas nossas imaginações.”

Não tem nada mais legal, para mim, do que pensar no futuro. Vou explicar o porquê. Quando você está pensando sobre o passado, acredito que não é bem um ato de pensar e sim de lembrar. E lembrar é visitar o que já foi construído.

Não me entenda mal, amo história, mas olhar para o passado é como viajar para uma foto. É um momento estático. Incrível e triste ao mesmo tempo. Todas as infinitas possibilidades estão cristalizadas em um fato. Retrata quem você foi um dia e isso não pode ser mudado.

O passado é legal, porém imutável, e isso me frustra um pouco. Mas estudar ele é fundamental para entender o presente e até mesmo o futuro.

Já o presente, para mim, é sobre refletir. Ele está sendo construído com a gente, agora. Você constrói e reage ao presente ao mesmo tempo, e amo tudo que é contemporâneo. Ver as coisas nascendo, as coisas mudando na nossa frente, mas acredito que tudo se resume ao reflexo direto das nossas ações e dificilmente a história mostra isso. Temos muita noção do que nossas ações no presente vão fazer no futuro.

O presente é dinâmico e isso com certeza me move. Mas, agora, o que me inspira mesmo é olhar para o futuro.

Se olhar para o passado é lembrar e olhar para o presente é refletir, então olhar para o futuro é imaginar, e não tem nada mais inspirador do que imaginar.

Há alguns anos, tenho seguido e estudado várias pessoas e lugares que abordam o tema, e isso se tornou um caminho sem volta em minha vida. Cada um desses lugares e cada um desses humanos me mostraram novas formas de olhar o futuro de forma organizada, que transformou o meu singelo e despretensioso ato de imaginar em um ato de planejar, projetar e construir o futuro. E não se trata de tentar prever o futuro, pois não existe um futuro para ser previsto. É uma ação impossível, e duvide de qualquer um que der garantias disso. Mas o futuro pode ser imaginado, planejado e construído. E para olhar para futuro não basta meramente fechar o olho e imaginar. Olhar para o futuro requer lentes. Foi o termo que aprendi durante o Friends of Tomorrow, curso de futurismo ministrado por Tiago Mattos, e com o pessoal da Aerolito que tem como propósito acelerar futuros desejáveis.

Mapear as tendências de comportamento, os avanços tecnológicos e os impactos deles na saúde, educação e trabalho nos ajuda a ter a visão de “Futuros Possíveis”, entender as condições para esses futuros existirem para acelerar os futuros desejáveis e se antever aos indesejáveis e evitá-los. Mas eles não são os únicos. Existem várias formas, escolas, teorias e métodos para enxergar o futuro. Gosto muito como a Daniela Klaiman usa comportamento humano, antropologia e tendências como lente para projetar o futuro e criar projetos, estudos e negócios que vão impactá-lo. Bem como Ligia Zuin e Beatrys Rodrigues, que usam ficção científica como lente para mapear o impacto de novas tecnologias na sociedade.

Assim como essas pessoas, existem diversas empresas e instituições olhando para o futuro com diferentes lentes e vendo as possíveis rotas para um futuro mais inclusivo, positivo e melhor. Diferentemente do passado e do presente, que é um só, temos milhares de futuros e possibilidades. Vejo todo dia palestrantes, professores e gurus do futuro que começam os seus discursos com: “O mundo mudou…”, e isso é desesperador para mim, pois o mundo nunca parou de mudar, e quanto mais se estuda ele, mais óbvio isso fica. Ele só está mais rápido agora e nunca vai desacelerar. Ninguém foi dormir em um mundo e acordou em outro. São as pessoas que pararam de olhar para frente com as lentes certas e foram pegas de surpresa.

É essa vibe que me inspira.

Como Gustavo Nogueira da Torus disse: “é como ser um viajante do tempo”. Ir para o passado para entender um fato, ir para o futuro para projetar uma realidade e vir para o presente para construí-la.