O que inspira Marcelo Bacchieri, diretor-geral da Prodigious?
Sempre fui fascinado por caixas de ferramentas. Meu avô paterno tinha uma peça na sua casa onde ele guardava todos os artefatos necessários para fazer as mais diversas manutenções caseiras e construir algumas coisinhas. Lá havia os mais diversos aparatos: pregos, parafusos, porcas, lixas, chaves de fenda, martelo e por aí vai – tudo nos mais diversos tamanhos e materiais.
Para cada tarefa que executava, analisava, estudava, planejava, ia lá na salinha dele e voltava com os materiais corretos para executar o trabalho. As ferramentas e os materiais, somados à atitude e ao conhecimento, correspondem a bons resultados. Executado uma vez só, dentro do plano, com qualidade e com durabilidade. Bonito de ser visto.
Ao final da empreitada, ele me dizia: para cada trabalho existe a ferramenta certa. Meu pai seguia a mesma “filosofia”, acredito que por ter aprendido com o pai dele. Logo, eu também comecei a “arrumar” alguns itens na casa dos meus pais (que eu mesmo estragava), entre eles: vedar vazamentos e consertar aqueles fios com mau contato, entre outras coisas pequenas.
Sempre que eu ia encarar um desses projetos, usava as “minhas” ferramentas, que geralmente se resumiam a uma faca sem ponta, fita adesiva, cola de papel e meus dentes. Em geral, eu tinha sucesso nestas aventuras, mas o trabalho demorava muito tempo para ser feito, a qualidade era desastrosa e durabilidade podia ser contada em poucos minutos. O maior resultado disso tudo, apesar do sucesso temporário, era normalmente uma grande frustração.
Na minha carreira tentei sempre manter este conceito ativo e entendo que, independentemente do que façamos, precisamos ter uma boa e rica “caixa de ferramentas” disponível. Partindo do pressuposto que cada projeto que executamos é algo único, me pergunto sempre: qual a ferramenta mais adequada para realizar isso? Será que as mesmas que utilizei no projeto passado são as mais adequadas para este novo? Pode ter surgido alguma nova e mais eficiente? A aproximação utilizada com um ponto de contato pode servir para outro contato na mesma equipe?
No contexto do nosso dia a dia, eu entendo que estas “ferramentas” representam todo o conhecimento que podemos adquirir por meio de estudos, experiências, trocas, acertos e erros. Em outras palavras, nossas habilidades, os processos que conhecemos e usamos, os livros e documentos que lemos e escrevemos, os formatos de comunicação que nos impactam e usamos para impactar, softwares, hardwares, nossas atitudes, e tudo mais que aprendemos e temos a oportunidade de aplicar formam e enriquecem a caixa de ferramentas de cada um.
No mercado em que atuo existem milhares de excelentes metodologias, documentações, linguagens de programação, bancos de dados, boas práticas e softwares – a lista pode ser infinita – que auxiliam o planejamento, a execução e o acompanhamento dos projetos e das ações que realizamos.
Se conhecermos apenas um método, um software, um documento, um processo, um de cada, e tivermos sempre uma atitude única, a tendência é que a resposta para a pergunta seja sempre a mesma.
No entanto, se nossa caixa estiver bem equipada, a utilização dos instrumentos mais adequados será respondida pela necessidade do trabalho e pela nossa criatividade, nunca pela nossa limitação de conhecimentos e habilidades.
Bem equipados, nós sempre vamos tomar as decisões para nossas atividades e projetos levando em consideração as características de cada desenvolvimento e escolhendo as ferramentas adequadas para cada caso e cada situação, em vez de ficar apertando parafusos com facas sem ponta e desencapando fios com os dentes.
Marcelo Bacchieri é diretor-geral da Prodigious