O que não é o metaverso
O metaverso não é revolução, e sim evolução. Não é só realidade aumentada e virtual. Não é o mundo virtal 3D, ela amplia essa experiência. E não é só game também nem web 3.0, que fornece a infraestrutura para a interoperabilidade do ambiente
O metaverso virou buzzword e invadiu as reuniões dos executivos de marketing mundo afora. A indústria da comunicação investe esforços para entender o que é essa nova tecnologia e o que ela poder fazer pelas marcas. Será que é mesmo nova? Martha Gabriel, referência mundial em estratégias digitais de negócios, diz que não. “Metaverso é resultado de várias camadas de evolução formadas ao longo dos últimos 20 anos”, explica.
Da noosfera, termo cunhado na década de 20 para indicar transformações, passando por Second Life em meados de 2007, hoje a fusão dos mundos online e offline obriga o mercado da comunicação a compreender as oportunidades que se avizinham no horizonte. Para enxergar, é preciso conhecer inteligência artificial, realidade aumentada e realidade virtual, a fim de “extrair o máximo da vivência de cada camada”, orienta Martha.
Blockchain, criptomoedas, big data, robótica, nanotecnologia, impressão 3D e computação quântica complementam o arcabouço de informações que o marketing precisará ter para posicionar marcas.
“O espectro de evolução do metaverso deve acontecer nos próximos sete anos”, estima Martha. A transformação digital das empresas é o caminho para acessar essa onda de avanço, que chega para cobrir possibilidades orientadas por experiências imersivas, e mais complexas.
A evolução ganha demarcações que partem da dimensão 1D (e-mail) e 2D (e-commerce, redes sociais, sites, animações, imagens, vídeos e telas), chegando hoje até o 3D, com espaços imersivos e realidades mistas. “Não existe marketing digital. Existe marketing. Cada marca deve adequar a estratégia conforme o seu público”, pontua Martha.
O que não é
Para delimitar essa nova era de interação, Martha descarta algumas confusões. “Metaverso não é revolução, e sim evolução. Não é só realidade aumentada e virtual. Não é o mundo virtal 3D, ela amplia essa experiência. E não é só game nem web 3.0, que fornece a infraestrutura para a interoperabilidade do ambiente”, esclarece Martha.
Com a expansão de realidades e a personalização de experiências, vem outra sigla que rapidamente ficou famosa, e já atrai cifras milionárias. O mercado de NFTs, ou Non-fungible Tokens (em tradução livre, tokens não-fungíveis), vem colecionando cases. Um deles é a animação em forma de octógono Quantum, primeiro token não fungível criado pelo artista nova-iorquino Kevin McCoy e pelo empreendedor Anil Dash durante evento realizado no Museu de Arte Contemporânea de Nova York em 2014. O bem foi leiloado na Sotheby’s por U$ 1,4 milhão em junho de 2021.
Dados do site Nonfungible.com, mostram que mais de US$ 2 bilhões foram gastos em NFTs nos primeiros três meses de 2021, alta de 2.100% em relação ao quarto trimestre de 2020. No Brasil, o mercado de objetos digitais com propriedade certificada movimentou US$ 754,3 milhões no segundo trimestre do ano passado, valor 35,5 vezes maior em relação ao mesmo período de 2020.
“Podemos ter NFT de bens físicos também, não só digitais. A questão é que o mundo material é limitado. Já o digital é infinito”, compara Martha, keynote da oitava edição do evento de marketing e vendas RD Summit, realizado pela startup de marketing digital RD Statiom em Florianópolis (SC) entre os dias 26 e 28 de outubro.
O painel de Martha abriu o plenário do Centro de Convenções de Florianópolis nesta quarta-feita (27). Em sua 8ª edição, o encontro retorna em formato presencial após dois anos. A expectativa é encerrar o evento com a presença de 11 mil pessoas, 180 horas de programação e 130 palestrantes. Retargetly, Tag Center, Braip, Hubify, iPlace Corporativo, Octadesk, Umbler e Vindi estão entre os patrocinadores. Já a feira de negócios expõe ofertas de 80 marcas dispostas em um espaço de 4.505 metros quadrados.