O que o criador do Orkut pensa sobre publicidade nas redes sociais?

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“Todos nós temos marcas que amamos”

Orkut Buyukkokten fez parte da vida de muitos brasileiros. Por causa dele, milhares casaram, namoraram, brigaram, reencontraram amigos, começaram trabalhos, entre outras curiosidades. O turco, que é engenheiro de software, criou a plataforma Orkut em 2004. A rede social, que mudou o cenário da comunicação brasileira, saiu do ar em 2014, deixando milhões de órfãos.

Agora, o empresário esteve no Brasil para uma série de palestras, além de promover a rede social Hello, sua mais recente empreitada lançada em 2016. PROPMARK conversou com Orkut para falar sobre relação de anunciantes com redes sociais, fake news, entre outros temas.

Confira:

Como você vê a relação das marcas com as redes sociais?

Marcas são uma grande parte do nosso dia a dia. Todos nós temos marcas que amamos e valorizamos, marcas que usamos todos os dias. Eu pessoalmente, amo a Disney, Pixar, Playstation e M&Ms. Adoramos nos conectar e conversar com outras pessoas que também são apaixonadas pelas mesmas coisas que somos. As marcas podem ser utilizadas em redes sociais para tornar a experiência mais envolvente e divertida. Infelizmente, hoje em dia, a maioria dos serviços de mídia social apresenta marcas e corporações não para reunir pessoas ou iniciar conversas significativas, mas sim para beneficiar empresas e aumentar a receita. Muitas vezes, somos bombardeados com marcas e anúncios nos quais não temos interesse. Acredito que podemos projetar produtos e incorporar marcas de maneira positiva para os consumidores.

Você já disse que as redes sociais criaram uma geração de pessoas inseguras. A publicidade pode ajudar a melhorar a relação entre pessoas e redes sociais?

A publicidade, quando feita corretamente, pode melhorar os relacionamentos entre os usuários. Por exemplo, se eu sou um fã de ficção científica e cinema e um novo filme dos Vingadores está saindo, um anúncio dele seria significativo e valioso para mim. Restaurantes, livros, filmes, roupas, videogames e parques podem ser considerados objetos sociais porque têm o poder de unir as pessoas. A publicidade especificamente adaptada em torno de paixões e interesses pode servir como objetos sociais, inflamar conversas e iniciar comunidades. Quando baixamos a guarda e compartilhamos coisas que são emocionalmente significativas, somos capazes de criar laços. Esses laços e relacionamentos nos tornam mais seguros, satisfeitos e menos solitários.

Como está o crescimento do Hello? Como é a relação com anunciantes e marcas?

Estamos muito animados com nosso crescimento e engajamento. Hoje, os brasileiros passam 336 minutos por mês no Hello. Introduzimos comunidades como um primeiro passo para levar as marcas e os anunciantes para lá. Nossos usuários criaram milhares de comunidades em torno de marcas que amam e começaram a ter engajamento e discussões autênticas.

Nos últimos tempos, diversas notícias mostraram que os jovens estão deixando o Facebook. Como você vê o futuro das redes sociais?

Eu imagino um futuro onde as redes sociais online unam as pessoas em todas as facetas da vida, não apenas online. Você pode imaginar sua rede social te ajudando a fazer novas amizades quando você está de mudança para uma nova cidade, ou ajudando a encontrar pessoas que enfrentam os mesmos desafios na vida, para que possam oferecer uma mão de apoio ou que desejem conferir o novo restaurante de Sushi que acaba de abrir na cidade.

No Brasil, as fake news viraram o assunto do momento. De quem é a responsabilidade? Do público ou da plataforma? Por quê?

O design de uma plataforma social tem um enorme impacto sobre como os usuários se comportam nela. As redes sociais e seus algoritmos têm priorizado marcas, anunciantes, empresas e acionistas, em vez de se concentrarem nos usuários. Elas têm tentado otimizar a receita e o número de minutos gastos em vez de otimizar a felicidade e aproximar as pessoas. Isso criou um ecossistema pouco saudável, no qual indivíduos e empresas conseguem espalhar conteúdo falso para uma ampla gama de pessoas simplesmente gastando dinheiro. Acredito que as empresas estão empenhadas nisso porque não estão tornando os usuários os campeões do sistema.

Se pudesse dar um recado para as marcas brasileiras dispostas a bombarem nas redes sociais, qual seria?

Acredito que as redes sociais oferecem uma ótima oportunidade para as marcas entrarem em contato com suas comunidades. Eles podem obter feedback imediato sobre produtos, ouvir sugestões, criar comunidades, organizar eventos e permitir interações autênticas. O mais importante é que os usuários tenham interesse e forneçam valor para eles. O resto seguirá.