O retorno
O mercado publicitário brasileiro (agências, produtoras e afins) está pronto para reabrir suas portas e retornar ao trabalho normal, com a permissão de S.Exa., a pandemia, contra a qual devemos dirigir nossas preces, pedindo por sua retração cada vez mais acentuada entre nós nos próximos dias.
As lideranças do setor seguem atentas ao Protocolo de Prevenção à Covid-19, por elas produzido (Abap, Cenp e o Sinapro-SP) e aprovado pela Prefeitura de São Paulo, dependendo agora exclusivamente da evolução da pandemia.
Através dos seus diretores, diversas agências se manifestaram nos últimos dias e, logo após a assinatura do Protocolo acima referido, todas reafirmando a uma só voz que a sua prioridade aponta para a saúde dos seus colaboradores.
O Publicis Groupe, por exemplo, garante que não abrirá suas agências em julho e “os funcionários que não se sentirem seguros e confortáveis para voltar a trabalhar nos escritórios neste ano, prosseguirão atuando no sistema home office”.
As agências sabem que o seu maior capital reside na sua equipe de trabalho, daí o extremo cuidado com a saúde de todos.
A WMcCann foi mais longe, estabelecendo a data de 1º de setembro para a volta da equipe aos seus escritórios, desde que para tanto se sintam seguros. Quem não gozar dessa condição prosseguirá no home office.
David Laloum, presidente da Y&R, extrapolou, afirmando que, além da certeza de todos na segurança da sua volta ao local de trabalho, a direção da agência garante a sua preocupação com a saúde da equipe, inclusive fora dos ambientes de trabalho da agência. Ele estende sua preocupação com a equipe, inclusive no transporte público ou privado, no trajeto de ida e volta às suas residências.
Laloum vai além, pensando nas famílias dos funcionários e ouvindo-as sobre esses deslocamentos fora do ambiente de trabalho. Como se vê, o coronavírus mexeu com todos os setores profissionais da atividade humana, com destaque para o setor acima citado, tendo em vista o PROPMARK cobrir o setor.
Nossa matéria de capa desta edição também aborda as agências de health & wellness, com impacto altamente positivo nos seus negócios, em virtude do momento atual ter potencializado as questões com bem-estar e saúde, muito acima do que até então poderíamos qualificar como uma normalidade.
As agências especializadas nas disciplinas de health & wellness contabilizam crescimento exponencial nos seus negócios, como nunca antes acontecera, principalmente em nosso país.
Esse fato, observem os leitores, tem qualificado a comunicação dos anunciantes no setor, que já não mais se contentam com uma publicidade apenas pragmática, mas além disso. Esse desfecho é bom para as equipes de criação das agências que atendem esse setor, podendo agora irem além dos trabalhos meramente informativos.
Balanço
Um rápido balanço dessa situação no mercado publicitário brasileiro mostra-nos o enfraquecimento dos meios, que, se ganharam e ainda prosseguem ganhando com os anúncios e comerciais dos segmentos, digamos, “beneficiados” com a pandemia, tendo em vista os produtos que oferecem ao mercado, têm perdido muito com a maioria de todos os demais segmentos produtivos, que diminuíram sua intensidade de trabalho e consequentemente suas verbas publicitárias.
O grande público brasileiro tem observado com sofreguidão a retração da qualidade informativa e de serviços das suas matérias editoriais na mídia. Até mesmo a televisão, que poderia deixar de fazer mais do mesmo nesse período, não tem escapado do lugar-comum, deixando-se levar por seguidas matérias que pouco diferem das anteriores, a respeito da grave pandemia que nos assola.
Como praticamente única variável, o que ocorre também com os jornais, esses meios têm a sorte de contar com um governo que se mostra medíocre (ou mais) ao se defrontar com uma calamidade inimaginável até há pouco.
Nessa miscelânia em que se transformou a mídia, tem sabido aproveitar-se bem da mesma o governador de São Paulo, até por ter sido no passado recente um profissional do setor da comunicação, onde cresceu a ponto de se incluir com raro brilho e sucesso dentre o empresariado do setor, aprendendo desde cedo o valor da comunicação, qualquer que seja o seu destino.
Ponto final
João Doria apanhou um pouco no início do seu governo comandando o estado mais importante da Federação, mas a experiência adquirida anteriormente na Prefeitura de São Paulo o preparou para a grande batalha que enfrentaria a seguir.
A maior delas, sem dúvida, foi defrontar-se com o presidente Bolsonaro, na questão exatamente do caminho a ser trilhado pelos governos no combate à pandemia que ainda nos tortura.
Tivesse João Doria então enfrentado um adversário mais bem preparado, possivelmente se defrontaria com dificuldades maiores, mas Bolsonaro na política, ainda que ocupando o posto político-administrativo mais elevado do país, ainda não amadureceu.
De forma agora até esperta, o governador dos paulistas mudou de postura ao se referir ao presidente da República, com a consciência daqueles que sabem que já ganharam a batalha.
Nesse episódio todo, apenas cabe-nos lamentar a indigência que dominou a refrega, que deveria ter sido tratada naqueles primeiros momentos de forma bem mais séria de como ocorreu. Talvez o próprio caminho da pandemia em nosso país tivesse sido outro, não sem fazer os estragos que fez e ainda faz, mas se defrontando com o bom combate dos que sabem a grandeza e seriedade da luta a ser travada.
Remember a constante troca dos ministros da Saúde do governo federal.