Um estudo publicado pelo Plos One defende a ideia de que emoções disseminadas no Facebook e outras mídias sociais também podem ter um efeito cascata, em que, por exemplo, a cada pessoa afetada diretamente pela chuva, por meio de um post depressivo, duas são impactadas de forma indireta.

Isso pode indicar que um sentimento negativo ou positivo a respeito de empresas pode ter um efeito ondulante e até chegar ao mercado de ações na bolsa de valores, já que no curto prazo, são as notícias e ruídos que fazem os preços das ações se movimentarem.  Se o mercado financeiro é atingido por tal sentimento, imagine o que acontece com a percepção de marca por parte do público. 

Nem sempre o mercado reage de maneira positiva a uma boa notícia. Você já questionou qual a participação das mídias sociais nesse movimento? As empresas e os investidores utilizam essas redes como termômetro para estimativas de futuros ganhos ou perdas?

Como os investidores utilizam esse canal? 

Por conta do grande número de pessoas nas redes sociais e da ascensão dos CASHTAGS, tornou-se muito fácil encontrar informações sobre o mercado financeiro ou determinada empresa no Twitter.

Hoje, por exemplo, já é possível minimizar a assimetria informacional, com os investidores sendo beneficiados, o que é positivo pensando que o ideal em um mercado competitivo é que todos os lados tenham 100% das informações disponíveis.

Um estudo publicado no First Monday Journal a respeito do volume de Cashtags, relacionado à performance do segmento de ações das empresas Starbucks, TripAdivisor, Firt Solar e Netflix, observou que, em alguns casos, esses elementos estão, de fato, relacionados. 

Como as empresas estão se apropriando disso?

Antes da ascensão das redes sociais, a divulgação de anúncios por parte das empresas era feita por meio de seus portais e pela imprensa que divulgavam com a própria linguagem.

Hoje, as empresas têm nas mãos um canal mais flexível e acessível e podem dar ênfase aos temas que mais convêm anunciar para investidores e consumidores, além de se comunicar em uma linguagem mais sentimental do que a imprensa faria. 

A partir disso, a divulgação de notícias por parte das empresas pode alterar o valor das ações: com esse contexto e anúncio em primeira pessoa, as informações podem ser entendidas como fatos realmente relevantes, e o investidor utilizar-se disso como tomada de decisão. 

Um exemplo recente ocorreu em 2018, quando Elon Musk, fundador da Tesla, publicou um tweet comunicando que estava considerando fechar o capital da empresa e estipular o valor da ação 22% acima do que o praticado à época. O comentário fez com que houvesse uma corrida pelos ativos, que dispararam. Essa atitude teve uma grande repercussão negativa e o multimilionário foi acusado de ter manipulado e enganado os investidores. Depois disso, as ações também despencaram. 

Aumento da exposição

Outra situação que deu o que falar foi um tweet da americana Kylie Jenner  a respeito do Snapchat. O post fez com que as ações da rede social perdessem 1,3 bilhão de dólares. 

Aqui, diferentemente do episódio anterior, não envolvia o comentário de um porta-voz da marca, mas uma personalidade com muita influência no ambiente de negócios da companhia

Assim aconteceu também quando a agência de notícias The Associated Press publicou um tweet falso, às 13h07 de uma terça-feira, informando de que duas bombas foram explodidas na Casa Branca e o presidente dos Estados Unidos, à época Barack Obama, estava ferido. Às 13h08, o índice Dow Jones, que é o principal do mercado americano, teve uma queda brusca e de curta duração. Estabilizando-se às 13h10, quando as notícias de que o tweet estava errado se espalharam. Às 13h13, o nível havia retornado à normalidade. Durante os tais três minutos, o tweet falso apagou 136 bilhões de dólares em valor de mercado acionário.

Isso nos mostra o potencial de impacto, nos dias de hoje, que uma informação pode gerar em frações de segundos e como os analistas de mídias sociais devem estar atentos aos indicadores de sentimento social, ajudando na tomada de decisão dos consumidores e na percepção de valor das marcas. A sua marca está pronta para entender e responder à altura os sentimentos oscilantes nas redes?

Mariana Diegues é especialista em Mídias Digitais da REF+