O streaming vai mudar a forma das empresas se relacionarem com seu público
Já faz algum tempo que empresas como a Netflix e o Spotify, revolucionaram a maneira como consumimos produtos culturais. A facilidade de acesso à internet de qualidade, os riscos que vinham com a pirataria e os downloads ilegais, e a comodidade de se ter conteúdo sem necessidade de perder tempo baixando o material foram a receita de sucesso para serviços de streaming como estes.
Fora da esfera do entretenimento, contudo, o streaming também tem ganhado força no setor do marketing digital. Não é à toa: de acordo com a consultoria Frost & Sullivan, o Brasil é o oitavo maior consumidor de OTT (sigla em inglês que significa Over the Top e é usada para se referir ao consumo de conteúdo audiovisual em streaming) do mundo.
Durante muitos anos, o marketing tradicional fez a frente da comunicação entre empresas e consumidores. Mas há alguns anos três segmentos ganharam força: o Marketing de Relacionamento, o Digital e o de Conteúdo. É claro que, quando se fala da essência do marketing, pouca coisa mudou. A definição dada por Raimar Richers no livro Surfando as ondas do Mercado (1996) continua sendo uma das mais sucintas e completas: “Entender e atender o mercado”.
Ao entender que os vídeos devem corresponder a 80% do consumo da internet já em 2019 (dados de pesquisa feita pela Cisco System), e saber que a tendência de consumo de OTT é continuar crescendo no mundo todo (em especial no Brasil, onde o consumo já é gigantesco) torna-se bastante claro para as empresas que para atender o seu mercado, elas precisam estar onde seus consumidores estão, e no formato que eles querem consumir.
É neste contexto que a Tecnologia de Streaming, especialmente de vídeo, passa a ser considerado um facilitador da área — uma das mais valiosas ferramentas do marketing, capaz de unir o conteúdo, o relacionamento e a plataforma digital.
Não é à toa que webconferências e talk shows transmitidos on-line estão cada vez mais em alta. Nem é por acaso que marcas gigantes como a Coca Cola estão investindo em sua própria webTV, ou grandes shows e espetáculos continuam sendo realizados em locais físicos, mas possuem agora algum tipo de transmissão ao vivo – às vezes on-line, às vezes pela boa e velha televisão. Um bom exemplo desta última modalidade é o festival de música Loolapalooza, que anualmente faz parcerias tanto com o Youtube quanto com os canais de TV Multishow e Bis.
E embora a transmissão em alta qualidade já seja em si um excelente facilitador, a verdadeira força da tecnologia de streaming está no fato de que a transmissão audiovisual não precisa ser, necessariamente, uma mão de via única. Tanto nas webconferências e talk shows quanto nos espetáculos transmitidos para milhares de espectadores, o que faz brilhar os olhos de qualquer ser humano é a chance de ser ouvido. Por isso, investir em sistemas de chat para aproximar o palestrante do espectador, por exemplo, ou transmitir conteúdo de mais de uma fonte em tempo real podem ser o próximo passo do relacionamento com o cliente.
Não é necessariamente a descoberta da roda na era da internet, mas é uma evolução natural, que acontece quando as empresas se preocupam em realmente entender e atender o seu público.
Sylvia Souza é gerente de Marketing da DTCOM