Ogilvy & Mather quer transformar digital em cultura

A Ogilvy & Mather está rediscutindo o digital, exatamente para não ter mais que discuti-lo. A agência anuncia a integração da OgilvyInteractive, que deixa de existir separadamente para se tornar não parte da agência, mas conceito a ser disseminado por todas as áreas. “Iniciamos uma integração entre o digital e o offline há um ano. Agora, estamos nos dedicando a quebrar as barreiras que restaram”, destacou o diretor geral Fernando Musa.

O executivo classifica o movimento como “Digital Pop”, ressaltando que sua equipe já não enxerga mais divisões entre on e off. “Não discutimos mais sobre o profissional ser ou não digital, mas sim como especializar toda a equipe. Juntamos dois mundos que em tese se rejeitavam para fazê-los entrar em profunda sinergia, ampliando a capacidade estratégica e as possibilidades para cada trabalho. Para nós, o digital não é uma disciplina, é uma cultura. O foco agora é disseminá-la cada vez mais”, ressalta Musa, garantindo que cerca de 130 de seus 400 funcionários, oriundos das mais diferentes áreas, já têm grande expertise na plataforma.

Para organizar e amplificar esse processo de aculturamento, liderado por Musa e pelo vice-presidente de criação da Ogilvy, Anselmo Ramos, Daniel Tártaro foi nomeado diretor de integração digital. O profissional, há dois anos na empresa e antes atuando no escritório fluminense como diretor de grupo digital, terá a missão de unir o trabalho das diferentes áreas e auxiliá-las na exploração das oportunidades digitais. “Classifico minha missão como a catequização digital da empresa, mapeando e acelerando o processo de aculturamento e integração de todas as pontas”, explica Tártaro.

Com a iniciativa, a expertise online dentro de departamentos como planejamento e atendimento, por exemplo, deixam de ser divisão para ser atributo. Na criação, o diretor de integração digital garante que os resultados já são expressivos: “Um passo importante foi a mudança de duplas para trincas. A mistura foi positiva para todos: profissionais exclusivamente digitais hoje já criam filmes, assim como vemos gente que se dedicava ao offline fazendo aplicativos para iPhone”.

Departamentos especializados atuam na retaguarda, dando o suporte necessário para colocar em prática os projetos idealizados pelas equipes multidisciplinares. Eles estão divididos entre produção, concentrada na unidade do Porto Digital, em Recife, com cerca de 50 profissionais; UXD (User Experience Design), responsável por desenhar as interações entre os consumidores e as plataformas digitais; e web analytics, que acompanha os resultados das ações online.

A mudança, que demandou até o momento investimento de US$ 2 milhões, de estrutura a contratações e treinamento, gerou grande impacto interno, o que foi extremamente positivo na visão de Musa. “Foi literalmente uma sacudida cultural. Houve conflito, claro, com alguns não se adaptando e indo embora, alguns mudando todos os seus hábitos e outros que absorveram muito bem a mudança. O necessário é entender e enfrentar as diferenças para colhermos os frutos no futuro. O problema de um é o problema de todos”, analisou o diretor geral, que já se preocupa com a expansão trazida pelas modificações. “Quem tiver o que acrescentar nesse modelo, é só aparecer. Estamos contratando”, convida Musa.

por Karan Novas