Opinião: Não faça um relatório, conte uma história
Em geral, quando pensamos em relatórios de resultados, pensamos em números depois de números, tabelas e gráficos complexos, informação maçante e cansativa. Se fosse um filme, seria um filme chato. Na verdade, esse é um erro de entendimento e, consequentemente, de execução. Quando colocamos como objetivo contar uma história que engaje e explique fatos, e não simplesmente aglomeramos dados, a apresentação de um relatório deixa de ser monótona, para se tornar útil, agradável e gerar insights. Confira a seguir 10 coisas que não se deve fazer ao realizar um relatório de resultados, e comece a se preocupar em engajar sua audiência durante a apresentação:
1. Seguir um template e apenas preencher dados.
Relatório é diferente de dashboard diário. A sequência de slides a serem apresentados não pode já estar preestabelecida. Ela deve seguir uma lógica de storytelling. Antes de sair fazendo o report, é importante investigar e ter clareza do que aconteceu no período analisado, para então saber o que se quer explicar para a audiência.
2. Confundir informação gerencial com pouca informação.
Como dito anteriormente, quando um filme é bom, mesmo que tenha quatro horas de duração, fico triste quando acaba. Quando um filme é chato, uma hora e meia parece um dia inteiro. Não necessariamente um analista quer ver muitos slides e um diretor poucos. Se a história é consistente, a comunique, nunca esquecendo, claro, quem é sua audiência.
3. Ignorar o perfil da audiência.
A história precisa ser boa, seja para quem você for contá-la. Mas, provavelmente, a história para o presidente da empresa não será a mesma que para o analista de marketing. Pense nisso de forma premeditada e leve a apresentação correta para cada ocasião.
4. Achar que só o conteúdo é o que vale.
A atenção ao detalhe e a preocupação com a forma são fundamentais. Manter consistência no tamanho e tipo de fontes, alinhamentos e demais elementos da apresentação faz a diferença e ajuda não só a explicar melhor os fatos, mas também dá credibilidade à apresentação.
5. Escrever em bullets o que já está nos gráficos e tabelas.
Escreva suas conclusões nos bullet points. Conclusão não significa somar números que já estão em um gráfico e apresentar o consolidado em um bullet point. Concluir significa ligar os pontos, olhar para as informações apresentadas e saber buscar dados que confirmem uma hipótese. Aliás, se não há hipótese, nem tem o que concluir.
6. Abrir um slide e não saber o que dizer sobre ele.
“Ahnn, então, deixa eu ver aqui…”. Cada slide deve contribuir para a história que está sendo contada. Além disso, é preciso se preparar e saber o que dizer previamente, e não simplesmente abrir uma tabela e começar a ler linha a linha os seus números, como se fosse um locutor de bingo.
7. Apresentar dados sem base de comparação.
Se não comparamos, o interlocutor não tem clareza se o número apresentado no período é bom ou ruim. Simples.
8. Não saber identificar os pontos mais relevantes a serem explicados.
É preciso saber interpretar um conjunto de dados e destacar na explicação as oscilações significativas sobre métricas relevantes, para então conduzir a história contada da maneira desejada.
9. Deixar a revisão para a última hora.
Nada é tão constrangedor (numa apresentação de resultados) quanto uma tabela com um conjunto de números em que a soma do total apresentada não bate com os valores listados. Além disso, ao revisar o relatório, pense no que você vai dizer a cada slide no momento da apresentação.
10. Dividir partes sem alinhar a narrativa.
Lembre-se que você está contando uma história e não mostrando um aglomerado de dados. Quando mais de uma pessoa está envolvida, antes de sair dividindo as seções e quem faz o que, é importante que todos discutam sobre os resultados, o que será contado e de que forma. Só assim a narrativa ganhará lógica na hora da apresentação.
*Sócio-fundador da Jüssi