Opinião: O voo do besouro
Para todo lado que olho, só se fala em crise. Assim, fica difícil manter o otimismo. Até os livros de autoajuda parecem estar encalhados na prateleira. Coisas do tipo: “Faça do limão uma limonada”, “A crise gera oportunidades”, de nada adiantam, deve ser mesmo o fim. A coisa está mais para tratamento homeopático, vamos tomando as gotinhas que uma hora passa.
O país agora precisa de um milagre ou de tempo, e o primeiro anda meio em baixa. Diante desse cenário, o que fazemos? Trabalhamos! Não tem outro remédio. . Tem sido assim em toda a história da humanidade. E se me perguntarem por que vai melhorar, é simples, parafraseando Caetano Veloso:
– Mas aí surgem aqueles que irão me lembrar que trabalho com publicidade e que esse é provavelmente o primeiro corte diante de uma crise dessas proporções. Sim e não. Para aqueles que não acreditam ou têm a consciência de que agregam pouco ou quase nada ao negócio dos clientes, é verdade. Mas esse não é o meu caso. Eu acredito na publicidade e na capacidade que temos de gerar demandas e agregar valor aos produtos e marcas. Acredito em criatividade, não essa dos festivais, mas a criatividade efetiva, que soluciona problemas de comunicação, atende demandas e gera resultados. Um bom publicitário é aquele que faz com um real o que qualquer um faria com dez e isso faz diferença. O cliente percebe quando estamos comprometidos com o negócio e em busca de soluções que o ajudem a superar metas e desafios. Mesmo quando se trata de um momento difícil como esse que estamos vivendo.
Vivemos uma crise? Sem dúvida nenhuma. Precisamos de ajustes profundos na nossa economia? Sim. Vivenciamos o caos político?
Quase, sempre pode piorar. Mas, antes de tudo, vivemos uma crise de confiança, interna e externa. Precisamos resolver a crise que está ao nosso alcance. Ou seja, a nossa. Esse já seria um bom começo.
Aerodinamicamente falando, o besouro seria incapaz de voar. Mesmo assim ele voa. Como? Talvez porque não ligue para isso.
* Presidente da White Propaganda