1 - Edgard Corona

Em 2008, após uma reunião de empresários do setor do fitness, nos Estados Unidos, a ficha caiu para Edgard Corona. Dono da rede Bio Ritmo, e reconhecendo ter ignorado o território das academias de ginástica com qualidade, baixo custo, e escaláveis, decola com a Smart Fit.

Fim do primeiro semestre de 2024, são 1.529 Smart Fits na região. 736 no Brasil, 339 no México e outras 454 distribuídas entre Argentina Chile, Colômbia, Costa Rica, Paraguai, Peru, Panamá, Uruguai, El Salvador, Equador, Guatemala, República Dominicana e Honduras. Ou seja, o insight de Edgard Corona em 2008, mais que confirmado e convertido num meganegócio.

Agora, acreditando numa ótima oportunidade, ignorada ou mal trabalhada pelos concorrentes, retoma, com tudo, o projeto Bio Ritmo, academias de alto padrão – academias, não butiques.

Em grande matéria no jornal Valor, Julia Michelin, diretora de operações da marca Bio Ritmo, declarou: “Estamos vendo uma lacuna no mercado e queremos acelerar a expansão. Não existe nenhuma outra marca high-end (alto padrão) no Brasil e na América Latina...

Segundo Julia, após os ajustes necessários em função da pandemia, os planos de expansão da Bio Ritmo foram retomados. E, reafirma: “Por um bom tempo, com o crescimento do modelo ‘low cost’ sobretudo com a própria Smart Fit, ficamos em dúvida se as academias de alto padrão iriam sobreviver. Mas o que descobrimos a partir daí é uma grande oportunidade não explorada por ninguém. Nos próximos meses a Bio Ritmo chegará no Chile, Peru, Panamá...”

Enquanto as demais redes sobreviventes enfrentam grandes dificuldades, Smart Fit segue exuberante e vitoriosa correspondendo a denominação que se deu, e Bio Ritmo, depois de uma longa pausa, parte para um segundo tempo. Com ótimas perspectivas.

2 – “Usucapião” em branding
Mais uma espécie de “usucapião em branding” acaba de ser relatado pelo New York Times. E o “usucapiado” foi apenas e simplesmente o Mickey, isso mesmo, aquele da Disney.

E a proeza protagonizada por uma empresa do Paraguai, que se apropriou da personagem Disney, no ano de 1935, que contou com a falta de uma ação mais efetiva da Disney.

Em entrevista ao jornal americano, Viviana Blasco, neta de Pascual Blasco, conta que seu avô, nos anos 1930, costumava passar férias em Buenos Aires, e nos cinemas da cidade conheceu o Mickey.

Anos depois decidiu abrir a Mickey Ice Cream Parlor. Que, por extensão, passou a vender também arroz, açúcar e bicarbonato de sódio em embalagens que levavam a figura do Mickey...

Desde o início dos anos 1990 a Disney vem tentando impedir o uso do Mickey na Justiça do Paraguai, mas, sem sucesso. Perdendo todas as ações.

Finalmente em uma de suas derradeiras tentativas de impedir o uso, a Disney conseguiu uma sentença favorável, mas, sem efeito, por uma brecha existente na lei de marcas e patentes do Paraguai que garante o prevalecimento da propriedade para quem tem a antecedência no registro, e não deixou de providenciar a renovação regularmente.

Isso posto, em sentença final e definitiva, a Justiça do Paraguai concedeu o direito de uso à empresa local.  Reconhecendo uma espécie de Usucapião – Adverse Possession - Branding...

Tão importante quando criar e usar, é guardar para que outros não usem... O Mickey Paraguaio É Legal, Também! Ainda que por cochilo da Disney...

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
fmadia@madiamm.com.br