200 anos da Independência do Brasil

O Bicentenário da Independência do Brasil poderia ser uma oportunidade de comemoração maior para o país. Mas, como o leitor deve perceber, as campanhas de comunicação das marcas sobre o tema são basicamente inexistentes. Segundo especialistas ouvidos pelo PROPMARK, a preocupação é com o forte cenário de polarização política que se instalou no país.

Reportagem especial nesta edição mostra que a avaliação é que as marcas querem evitar crises e cancelamentos. “A data poderia ser utilizada de forma mais harmoniosa, porém, com a situação política estabelecida, vai se esvaziar”, observa o professor de comunicação política Roberto Gondo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

No entanto, analistas acreditam que  a Copa do Mundo vai neutralizar o cenário. “A Copa é um ativo muito forte no imaginário e na imagem das marcas para valorizar a paixão do brasileiro pelo futebol”, reforça Cristiano Henrique, da UFRJ. O acadêmico enxerga o início de um possível engajamento do mercado esportivo.
“Elas estarão confortáveis para usar a variante cromática do verde
e amarelo pela coincidência do bicentenário com o ano do Mundial”, repara.

De qualquer forma, o bicentenário seria o momento de as marcas reiterarem o seu compromisso com o país. “Se elas ainda afirmam algo como ‘orgulho de ser brasileiro’ na sua comunicação, é uma data ainda mais elementar. Se são multinacionais, é uma boa oportunidade para se mostrar enraizada e participante da cultura”, avalia Wilson Mateos, sócio e CCO da 11:11.

A professora Conceição Golobovante, da PUC-SP, evoca o poder das marcas para libertar caminhos. “Elas têm de assumir uma postura mais cívica e cidadã”, diz. Um caminho apontado para o varejo, por exemplo, seria estampar o céu estrelado da Bandeira Nacional em ações e novas linhas de produtos reafirmados pelas cores verde e amarelo.

Show com 200 drones, projeções de momentos históricos e atrações musicais estão entre mais de 50 atividades previstas em 200 pontos da capital paulista para comemorar o bicentenário.  Coordenadas por Abel Gomes, que dirigiu a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, as festividades serão transmitidas pela plataforma online Agenda Bonifácio e pelo streaming #CulturaEmCasa.

Por sua vez, veículos de comunicação, como a CNN e o History, tentam compensar a quase paralisação das marcas em torno do bicentenário com projetos e séries na mídia sobre o tema. A CNN produziu a série documental CNN 200+, lançada no dia 14 de agosto. Economia, saúde, educação e sociedade ancoram cada um dos quatro episódios da produção.

“Há um temor generalizado, pois tudo vira motivo para discussão política. Mas, por mais delicado que seja o momento, não há desculpa para ignorar a data”, sustenta Virgílio Abrantes, vice-presidente de programação e multiplataforma da CNN.

No History, canal da A+E Networks América Latina, a programação começou na quinta-feira (1°) com a série Dicionário da Independência. Nesta segunda-feira (5) começam Insurgentes e Aqui tem história.  

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A ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) realizou na semana passada o ENA (Encontro Nacional de Anunciantes), onde reuniu diversos profissionais do mercado publicitário para debater temas importantes para a indústria, como melhoria da relação entre agências e clientes, novos modelos de remuneração e uso eficiente de mídia. Acompanhe a cobertura nesta edição.

Armando Ferrentini é publisher do PROPMARK