Assim como todo grande acontecimento social histórico, a pandemia da Covid-19 que estamos passando está deixando marcas e mudanças no comportamento humano. No século em que vivemos, a forma mais sensível de perceber estes impactos é através de uma análise das redes sociais, onde a vida real e a virtual se misturam. As pessoas, mais do que nunca, transferiram as suas ações sociais para o meio digital e algumas atitudes afloraram durante o isolamento, inclusive gerando novas formas de ações. Mas, curiosamente, o confinamento – mais do que trazer novas tendências – mostrou que foram os “velhos” hábitos digitais que mais ganharam força, um cenário que vem obrigando influenciadores e marcas a reverem muitos conceitos e acelerarem os processos de digitalização, no caso das que ainda estão atrasadas nesse quesito. Dentre estas práticas, que certamente serão uma herança para a pós-pandemia, vale ressaltar:

– Cultura do Cancelamento

Todos estão de olho! A cultura do cancelamento ganhou força nos últimos anos nas redes sociais. O monitoramento de atitudes ilegais, socialmente incorretas e até não ações são cobradas com vigor pelos seguidores, atingindo principalmente as marcas, os famosos/pessoas públicas e casos de grande repercussão. “Passar pano”, como diriam as @, é o contrário do que buscam os usuários. Durante o período de distanciamento e isolamento social, posturas de acordo com o momento foram cobradas, gerando a suspensão de muitos influenciadores que se aventuraram em furar a quarentena. Até as grandes marcas aderiram ao fenômeno, com boicotes e denúncias contra aquelas que anunciam em sites de conteúdo duvidoso e aumentando a pressão sobre as plataformas digitais para o combate ao ódio.

– Recebidos / Review Online

Segundo o MasterCard Spending Pulse, as compras online no Brasil cresceram 75% em maio. Só o mercado de brinquedos e jogos cresceu 434% em abril, segundo a ABComm. O impulso do consumo doméstico influenciou alguns fenômenos conhecidos, como os recebidos, unboxings e reviews. De casa, todos querem contar um pouco da rotina e ocupar o seu tempo produzindo conteúdo para as redes sociais. E por que não mostrar a sua experiência com uma nova aquisição? Afinal, na rede somos todos, em algum nível, influenciadores de uma base. Contar sobre o seu novo MOP, esfregão de limpeza que virou hit no isolamento, pode ajudar aquele seu seguidor, certo?

– Comércio Local

Além dos recebidos, um movimento solidário também tomou conta das redes sociais, inclusive com plataformas como o Instagram incentivando esse posicionamento: o apoio ao comércio local. Consumidores que ainda tinham o seu poder de compra viram a oportunidade de ajudar alguém contribuindo com o seu negócio, principalmente os autônomos e micro empresas. De um conhecido que faz máscara caseira, até a padaria preferida, todos puderam ser incentivados e divulgados pelos usuários em suas redes pessoais.

– DIY (Faça você mesmo)

Com mais tempo ocioso e convivendo no mesmo ambiente por muito tempo, as pessoas sentiram a necessidade de fazer coisas novas. Seja uma decoração com itens recicláveis, ou pintar uma parede de casa ou até se aventurar a aprender uma receita, tudo está valendo como uma nova possibilidade de hobbie ou de passar o tempo. E as marcas já entenderam isso, como percebemos na nova campanha da Pilão, “Saudades do abraço quentinho”, que ensina como fazer o famoso cafezinho de padaria, agora em casa!

– Fake News

Antes do surto da Covid-19, falávamos da viralização de outro problema mundial, a chamada Era das Fake News. Neste momento da humanidade, onde estamos a um clique de qualquer informação ou de espalhar novos textos, imagens ou vídeos que recebemos nos aplicativos de mensagens e perfis de redes sociais, o incentivo para rever e repensar nossa participação em um processo de comunicação aumentou. Devemos seguir assim, com uma vigilância coletiva cada vez mais intensa.  

Como a sua marca está encarando o desafio do “novo normal”?

Diogo Ferreira é head de social Webedia Brasil