A evolução da IA e os humanos

Máquinas não se emocionam. Máquinas não são intuitivas, não têm o tal sexto sentido

Acabo de voltar da Bahia, onde atuei como curador e palestrante em mais um Enapro – Encontro das Agências de Propaganda. O evento, organizado pelo Sinapro Bahia, atraiu mais de 300 participantes para dois dias de conteúdo intenso, embaixo do guarda-chuva temático ‘De humanos para humanos’.

A mim coube, além da curadoria do evento, realizar a palestra de abertura – ‘O fator humano’ – e uma apresentação sobre o Cannes Lions Festival 2025 com tendências, insights e cases vencedores.

Como não poderia deixar de ser, a IA esteve presente em diversas palestras. Mas, como contraponto, o conteúdo esteve recheado de valores humanos também. Quero então dividir com você minhas impressões pós-evento.

Antes de mais nada, impressiona a velocidade com que as agências e as empresas, em geral, estão se alinhando à IA, para otimizar sua operação.

Enquanto as big techs e os megaplayers internacionais apostam em uma corrida desenfreada para liderar o processo, as empresas vão adotando o que já existe com rapidez e eficácia.

Vimos apresentações impressionantes de Eco Moliterno e Lucas Reis, demonstrando a aplicação da IA das mais diferentes formas.

Apresentações com um conteúdo de nos deixar boquiabertos com a evolução da IA em tão pouco tempo. Por outro lado, vimos apresentações igualmente ricas fazendo o contraponto do fator humano no processo.

Nina Campos nos emociona com sua humana e divertida apresentação, Ju Monte também fez uma rica apresentação nesse sentido, além de Lucas Freire, com sua sensacional apresentação musical. E para fechar o evento, Hugo Rodrigues colocou no seu caldeirão todos esses ingredientes, nos passando sua visão madura e experiente sobre o papel de cada um de nós no meio disso tudo.

Tenho certeza de que o evento – e seu rico conteúdo – ficará na memória dos publicitários e players da indústria criativa presentes. No meio daquele ambiente high tech, tivemos momentos high touch, com emocionantes apresentações de corais ligados a instituições beneficentes da Bahia. Um deles, envolvendo jovens da comunidade da Paz, de Salvador, me levou às lágrimas.

Ver a performance de jovens carentes com tanta qualidade é realmente tocante. E é isso que quero destacar neste meu texto: a importância do fator humano nessa panaceia que se tornou a IA. Máquinas não se emocionam.

Máquinas não são intuitivas, não têm o tal sexto sentido. Elas só fazem o que comandamos. E a IA trouxe um nível de agilidade e precisão nessa elaboração de textos, imagens, vídeos, fórmulas, processos e gestão de informação como nunca tivemos.

É ridículo resistir a esse tsunami tecnológico. Assim como outras ferramentas que surgiram ao longo do tempo, devemos entendê-las e usá-las da melhor maneira possível, sob o risco de perder produtividade para concorrentes que já o fazem.

Dias depois da Bahia, fui para Natal/RN, para outro evento: o Midia Talks, organizado pela MidiaCom RN e o Sinapro RN. E, além das principais emissoras de televisão e rádio, Rapha Borges, founder da Tiger.ai, e eu compusemos o conteúdo do evento, voltado ao trade de comunicação do RN.

Eu apresentei o Cannes Lions Roadshow e Rapha conduziu a apresentação ‘CrIAtividade para humanos’. Ops! Olha os humanos aí outra vez. E o Rapha deu um banho de conhecimento sobre o uso da criatividade em tempos de IA.

A sua recém-criada Tiger tem proposta de utilização de IA absolutamente disruptiva, com o uso de agentes em todas as etapas do processo de desenvolvimento de campanhas e ações de comunicação. Impressionante!

Mas lá estava o fator humano! Rapha minimiza o poder da IA. “É apenas mais uma ferramenta”, diz. Uma ferramenta poderosa e disruptiva, sim. Mas à disposição de humanos.

Humanos que atuam como curadores de todo o processo criativo. Deixando a máquina fazer o trabalho pesado da execução. Não devemos temer essa evolução, mas tirar o máximo proveito dela, sem perder o nosso lado humano.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br