Na semana passada foi realizado o evento que marca o início do ano no campo de tendências tecnológicas, principalmente aquelas aplicadas em produtos eletrônicos: a CES – Consumer Electronic Show. O que impressiona nesse megaevento é sua capacidade de atrair expositores e visitantes, mesmo tratando de produtos intimamente ligados ao universo online.

São mais de 4.400 expositores, que chamam a atenção de 170 mil visitantes, de 160 países, para participar das suas mais de 250 palestras ou conferências, além, logicamente, de visitar os estandes de empresas. Entre telas flexíveis, dobráveis ou enroláveis; carros cada vez mais inteligentes e outras inovações apresentadas, o público fica extasiado com as novidades mostradas no evento, ao vivo.

A primeira edição do CES ocorreu no longínquo 1967, em Nova York. 53 anos depois, o eventão continua com importância crescente, não obstante todos os recursos de comunicação online existentes. Por que as empresas e o público ainda aguardam ansiosamente um evento presencial para conhecer as novidades e tendências do mundo tecnológico?

É a constatação inquestionável da força dos eventos físicos, frente a um mundo cada vez mais virtual. Já no primeiro momento do ano, quantos milhares de eventos foram organizados para comemorar a virada…

Quantos recursos foram mobilizados, quantos empregos foram gerados simplesmente para fazer as pessoas presenciarem, ao vivo, os momentos da virada e, mais importante, de terem a oportunidade de se abraçar e demonstrar seu afeto por pessoas queridas.

Sim, elas fotografam e filmam desesperadamente esses momentos, até porque são situações das mais instagramáveis. Todo mundo quer que todos saibam que se está curtindo aquele momento de forma especial.

O evento físico, portanto, acaba sendo fundamental também como justificador e catalisador da interação online. É o fato gerador da oportunidade de postar e potencializar o efeito da atividade ao vivo. Este é um ano de Olimpíadas.

Certamente, o megaevento esportivo está gerando uma mobilização de recursos única no país-sede – Japão – para receber os milhares de atletas e visitantes do mundo inteiro. Mas seu efeito vai muito além do que o que acontece por lá, ao vivo. O Japão estará na vitrine virtual.

Quantas imagens serão postadas durante o evento! Mas todos sabem que há uma dependência umbilical da qualidade do que ocorre ao vivo para justificar o virtual. Não adianta montar o melhor aparato digital se o que acontece ao vivo não for bem feito. Essa é a importância dos eventos. Mas deixemos de lado os megaeventos e voltemo-nos para aqueles de menor porte. Os corporativos, por exemplo.

Será que as empresas estão deixando de realizar convenções e encontros presenciais com seus colaboradores, fiando-se nos serviços virtuais, cada vez mais ricos e acessíveis? Parece-me um erro, se isso estiver acontecendo. Há momentos que devem ser vividos ao vivo.

Se os dirigentes esperam um comportamento excepcional dos seus colaboradores em 2020, não devem engajá-los de forma ordinária, mas, isso sim, com excepcionalidade que o desafio exige.

E o evento presencial é insubstituível para engajar, motivar, envolver… Até como uma forma de tirar os olhos das pessoas das telas e levá-los para algo excepcional, único. Levar os olhos das pessoas para outros olhos – e não para máquinas. A multiplicidade de formas e campos dos eventos explicam sua importância, mesmo num mundo cada vez mais virtual.

Há eventos esportivos, culturais, comemorativos, corporativos, de treinamento, de team bulding, de lançamento de produtos ou programas, de ativação, de exposição, de networking… Há eventos para jovens, para idosos, para todo tipo de gente.

É por tudo isso que prevejo um ano muito bom para os eventos e para todas as atividades que privilegiam o “ao vivo”. Longa vida ao live marketing!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional das Agências de Propaganda) (alexis@fenapro.org.br)