A Justiça velha, esclerosada, e, injusta

Meses atrás, em sentença patética, a Gol foi condenada a pagar maquiagem e depilação de suas profissionais. Mais adiante, com esse tipo de estupidez monumental, a Justiça vai exigir de todas as empresas que paguem pela água do banho, sabonete e desodorante de seus funcionários. Amigos, a Justiça do Brasil ensandeceu. O mínimo que se espera de um ser humano com um mínimo de autoestima e alegria de viver é apresentar-se, para os demais humanos, da melhor forma possível. Segundo a Justiça do Trabalho do Brasil, quando uma pessoa ingressa numa empresa, o contrato de trabalho cobre apenas a pessoa como chegou ao mundo. E é o que vai acontecer seguindo-se mais uma decisão patética da Justiça.

As empresas a partir de agora contratam as pessoas ao natural, como chegaram ao mundo. Nuas e sem as mãos nos bolsos. Peladas. Tudo o que trouxerem consigo quando chegarem para o primeiro dia de trabalho, a empresa precisa pagar ou ressarcir. A Justiça brasileira vai conseguir o que outra nenhuma Justiça do mundo conseguiu. Convencer as companhias que o melhor a fazer é só contratar robôs... Claro, até o momento em que os robôs não descubram a patética e escatológica Justiça do Não Trabalho, e comecem a ganhar ações para a compra de óleo lubrificante, troca de chips e outros penduricalhos mais.

Na sentença histórica que faz com que a Justiça do Trabalho do Brasil seja a maior inimiga das empresas, e a maior incentivadora da robótica, está escrito que a Gol terá de fazer o pagamento de indenização com despesas para apresentação pessoal, bem como fornecer meios para a observância de seu código de vestimenta e apresentação, inclusive quanto aos procedimentos estéticos... Assim estabelece o pagamento de uma indenização mensal de R$ 220 por mês a cada empregada aeronauta...

Ah, mas na sentença, a Justiça concedeu uma saída para a Gol. Caso não queira pagar, é só abrir mão do mínimo que se espera de um ser humano que trabalhe e atenda o público. Que venham trabalhar vestida, de dentes escovados, cabelos penteados, e desodorante dentro do prazo de validade...Como disseram Malan e outros economistas brasileiros, definitivamente, o “Brasil é o país até onde o passado é incerto, o futuro imprevisível, e o presente, talvez...”.

Quando se falava em insegurança jurídica, até anos atrás, eram de questões mais importantes. Hoje, a insegurança jurídica começa nos mais básicos dos comportamentos. A higiene mínima que confere dignidade e apreço ao ser humano. A Justiça brasileira defende e promove que os brasileiros sejam praticantes fervorosos da autoflagelação... Como diz Chico Buarque na canção, Meu Guri, “desde o começo eu não disse, seu moço, ele disse que chegava lá”? Chegamos! O Brasil e sua Justiça acabam de provar que o fundo não tem poço, ou melhor, que o poço não tem fundo... Ou melhor, acho que da primeira forma estava mais certo, o fundo não tem poço...

Num país onde a corte suprema da Justiça, que deveria ser exemplo de Justiça, de fazer cumprir a Constituição, de defender a liberdade de manifestação de todos os brasileiros, de respeitar os poderes constituídos, patrocina e impõe a censura, defeca de forma recorrente sobre a Carta Magna, pisoteia e urina em cada uma das páginas da ordenação maior do país, e torna possível a candidatura de um ladrão de magnitudes estratosféricas que assaltou os cofres do Brasil e a poupança de seus trabalhadores, tudo é permitido e possível. Que os 11 urubus que hoje habitam o Supremo – Rosa, Roberto, Gilmar, Ricardo, Cármen, Dias, Luiz, Edson, Alexandre, Nunes, André – jamais se esqueçam do que dizem o texto bíblico: “Quem semeia a injustiça colherá a desgraça”. Que morram no inferno, bandidos!

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
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