A nova liderança entre algoritmos e empatia
A inteligência artificial deixou de ser tendência para se consolidar como uma força transformadora nos negócios e, especialmente, na forma de liderar nas empresas. Segundo uma pesquisa recente da KPMG, 63% dos líderes empresariais brasileiros já reconhecem a IA como um fator decisivo para o sucesso organizacional nos próximos três anos. É um salto que exige, além de tecnologia, uma nova mentalidade. O dado é ainda mais relevante quando observamos que o interesse do alto escalão pela tecnologia mais que triplicou em apenas um ano, ou seja, estamos diante de um movimento exponencial.
No setor de comunicação, marketing e publicidade, no qual a pressão por inovação e resultados é constante, a liderança passa por uma transição importante: menos centrada no controle e mais voltada à escuta, à inspiração e ao desenvolvimento das equipes. O modelo tradicional, baseado na supervisão rígida e na cobrança direta, vai sendo substituído por uma abordagem mais aberta, empática e voltada ao fortalecimento de vínculos genuínos.
Ferramentas baseadas em IA têm automatizado processos operacionais e fornecido dados que revelam comportamentos, gargalos e oportunidades. Com isso, os líderes ganham mais espaço para atuar de forma estratégica e humana, colocando as pessoas no centro da gestão. Essa capacidade analítica, antes limitada ao esforço humano, agora é potencializada por plataformas que permitem identificar padrões, antecipar problemas e personalizar abordagens de gestão com mais eficiência.
Mas, junto à evolução tecnológica, cresce também um novo desafio: equilibrar eficiência com empatia. Como manter a saúde emocional dos times em ambientes de alta performance? Como liderar diferentes gerações com expectativas tão distintas? O desafio está em encontrar o ponto de convergência entre metas agressivas e bem-estar coletivo, sem perder de vista que o ativo mais estratégico de qualquer organização ainda são as pessoas.
Líderes que não comunicam com clareza, que evitam delegar ou negligenciam o reconhecimento, criam ambientes sobrecarregados e pouco inovadores. Já aqueles que cultivam a escuta ativa, oferecendo feedbacks regulares e incentivando a autonomia, constroem culturas mais criativas, colaborativas e resilientes. Nesses ambientes, o erro é tratado como parte do aprendizado, e o crescimento se dá de forma compartilhada, estimulando o protagonismo dos profissionais.
Em um mercado cada vez mais pautado por propósito, diversidade e velocidade, a liderança eficaz não se define apenas por domínio técnico, mas pela capacidade de gerar conexões reais. Mais do que nunca, é preciso criar espaços onde as pessoas se sintam seguras, valorizadas e parte de algo maior. Para isso, é essencial o desenvolvimento contínuo de habilidades emocionais, como empatia, adaptabilidade e inteligência relacional.
A IA veio para ficar, mas será verdadeiramente valiosa quando usada para amplificar o lado mais humano da liderança. O futuro é de quem alia dados à sensibilidade, decisões à escuta e performance ao cuidado com as pessoas. A liderança do agora exige presença, coerência e intenção, e isso nenhuma tecnologia poderá substituir.
Mauricio Fernandes é diretor-geral de atendimento na Innova AATB