A originalidade, segundo Rick
E se eu te dissesse que, para se ter ideias, existem alguns lugares melhores do que outros? Para sintonizá-las. Muitas vezes trocar de sala de reuniões pode dar melhores resultados.
E ainda afirmasse que somos antenas prontas a captar as ideias que navegam pelo universo, basta estarmos “abertos” para receber esse sinal?
E que grande parte das boas ideias é mostrada a nós, pelo acaso, em sinais que acabam se misturando no nosso cotidiano, que buscar esses sinais e dar uma chance a eles faz parte do trabalho do criativo original?
E se não fosse eu a te dizer isso, mas Rick Rubin?
Rick Rubin é um produtor musical, ganhador de nove prêmios Grammy. Foi incluído na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time e considerado, pela Rolling Stone, o produtor de maior sucesso em qualquer gênero.
Entre eles estão Red Hot Chilli Peppers, Adele, Kanye West, Black Sabbath etc. (minibio oficial de Rick)
Rick escreveu o livro “O Ato criativo: uma forma de ser”, pela editora Sextante.
Como tem muitos feriados pela frente, fica aqui a minha sincera indicação.
Como produtor musical, Rick trabalha por contratos com diversos artistas de variados estilos e isso me lembrou dos compromissos comercias que os publicitários assumem somados à impressão artística que precisam adicionar em seus trabalhos.
Ele mostra com frases de efeito, verdadeiras e no limite da magia, que, por mais que exista uma relação comercial, não é preciso abrir mão do inusitado e imprevisto. Ele ama o processo criativo.
Um valor pelo projeto, prazo e as metas podem estar presentes, mas isso se tornam detalhes quando Rick explica a emoção e a humanidade em cada um desses projetos que ele executa.
Negócios com alma.
Mais uma vez me lembro de duas das bases do ótimo trabalho publicitário, a capacidade de se apaixonar pelas ideias dos outros e todo o processo criativo que nos lembra das primeiras aventuras pelo caminho íngreme da originalidade.
A arte que empregamos em nossas ideias deveria ser considerada mesmo como “Arte” e valorizada por isso. Mesmo sendo efêmera em sua essência.
Principalmente quando ele afirma, em algumas frases: “procure por aquilo que você percebe, mas ninguém mais vê”; “há uma hora para certas ideias chegarem, e elas dão um jeito de se expressar por meio de nós”.
Pensamentos assim colocam um pouco de incerteza sobre o que a gente tenta enquadrar como um processo técnico repleto de regras, truques, preconcepções. Tem o acaso ali.
Muitas vezes o olhar do nosso eu de 7 anos de idade é o que falta para trazer de volta o ímpeto e o entusiasmo da busca pela ideia original e com potencial de mudar uma situação, uma percepção e, às vezes, uma indústria inteira.
“Viver na descoberta é sempre preferível a viver cheio de suposições.”
Não tem nada de errado em abraçar palavras que nos tragam orgulho ao que fazemos, como arte, craft, beleza, emoção e adicioná-las ao nosso dia a dia. E finalizo com uma última citação que espero que faça você comprar esse livro.
“A obra central do artista é o seu modo de estar no mundo, não propriamente a qualidade do que produz”. Boa leitura.
Flavio Waiteman é CCO-founder da Tech and Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br